Paris significava a capital da novidade, da beleza, da ciência, do saber e das artes. A cidade luz acolhia de braços abertos tudo que fosse moderno, extravagante e progressista. Fora lá que se lançara o primeiro balão de hidrogênio, e fora lá que, em 1852, Henri Giffard demonstrara que é possível dirigir um balão.
Quando começou suas pesquisas, na década de 1890, Santos-Dumont supunha, naturalmente, que tais técnicas já deviam estar bastante avançadas, após tantos anos. Mas, para sua surpresa, viu que ninguém seguira a trilha de Giffard, com seus balões alongados propelidos por hélice de motor. Tudo o que havia eram os tradicionais balões esféricos.
Foi num desses balões que Santos-Dumont fez sua estréia pelos ares, a 4 de julho de 1898. De repente, toda Paris falava daquele brasileiro pequeno, magro e bigodudo, de chapelão mole e caído, que sobrevoava a cidade. George Coursat, famoso caricaturista parisiense, tornou-se seu amigo e difundiu sua figura através de charges que eram publicadas em toda a Europa. Seu panamá desabado sobre a testa virou moda.
O automóvel era outra paixão de Santos-Dumont, e as corridas que ele patrocinava atraíam multidões. Além dos aviões e dirigíveis, outros engenhos absorviam o espírito dele. homem de sua época amava as máquinas e engrenagens a tal ponto que bem poderia ter sido o inspirador do Jacinto de A Cidade e as Serras, romance de Eça de Queirós, caso este não tivesse encontrado em Eduardo Prado, outro brasileiro, o protótipo de seu personagem.
Em sua casa em Paris, Santos-Dumont cercou-se de invenções e máquinas que seu espírito febril constantemente criava. O relógio de pulso foi um de seus inventos imediatamente adotados em toda parte. Projetado por ele e encomendado à Casa Cartier, o modelo Santôs, assim se pronunciava em Paris, tornou-se moda e foi copiado no mundo inteiro. Para guardar seus dirigíveis, inventou o hangar, que foi como um ovo de Colombo para os aeronautas. Inventou ainda esquis dotados de motor, aprovados por alpinistas suíços, e de vários outros engenhos.
A celebração em torno de Santos-Dumont culminaria em 1906, quando ele demonstrou o 14-BIS, avião inventado por ele. Em 1909, os irmãos Wright, norte-americanos atrasados, exibiram um modelo aperfeiçoado de avião, afirmando que em 1903, antes de Santos-Dumont, já teriam feito vôos curtos, em segredo. Como foi em segredo, não deveriam eles sair por aí divulgando, pois não havia documentos a respeito. Então a Federação Aeronáutica Internacional, sediada em Bruxelas, atribuiu a glória do primeiro vôo a quem de direito o merecia, Santos-Dumont.
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Fonte de Pesquisa: Nosso Século, Abril Cultural, São Paulo,1980.
As façanhas do Santos Dumont são incríveis.
ResponderExcluirSantos Dumont foi um gênio à frente do seu tempo.
ResponderExcluirDumont foi pioneiro e visionário e merece todas as homenagens. Parabéns pelo artigo, Luiz.
ResponderExcluirAbraços