Deauville era conhecida como a “Paris à beira-mar” na sua primeira época áurea durante a belle époque, antes da Primeira Guerra. Uma pequena estância balneária, na baía do Sena, a 30 quilômetros de Caen na França.
Meca do high life internacional, durante o verão era o ponto de encontro de celebridades como Winston Churchill e Anatole France. Foi nas redondezas dessa cidade que Santos Dumont mandou construir, em 1912, uma casa em estilo modernista que chamou de La Boite.
Quando não estava em Deauville, encontrava-se com certeza em Paris, onde lançou com sucesso o traje de listras verticais, para disfarçar a estatura. Fez do chapéu panamá, afunilado, sua marca registrada. E não dispensava gravatas de cores vivas e uma flor na lapela.
Embora famoso, ainda havia pessoas que o confundiam. Uma noite, no teatro, durante a apresentação da peça A Gueixa e o Cavaleiro, a Condessa de Notalles tomou-o por um japonês. Seu amigo, Paul Hellen, respondeu que não se tratava de um japonês e sim de “Monsieur Santos Dumont, o aeronauta brasileiro". Mas a Paris das condessas e dos homens encasacados começava a desaparecer. O fantasma da guerra sepultava a Belle Époque européia.
Em sua casa de Deauville, Dumont tinha uma luneta de longo alcance e um criado alemão. Foi o que bastou para ser encarado como um possível espião. Ofendido, fechou La Boite e deixou Deauville em 1914, voltando para o Brasil. Mas já não era o mesmo, dizia sentir-se com os nervos cansados.
Fonte de Pesquisa: Nosso Século, Abril Cultural, 1981
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No dia em que termos mais acesso a este tipo de post, creio que realmente a internet estará fazendo a sua contribuição para o crescimento cognitivo ser humano. Parabéns.
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