Militares não podem andar fardados pelas ruas que já são interpelados sobre a atitude que tomará o Exército.
Artur Bernardes tomou posse em novembro de 1922 sob estado de sítio, provocado pela Revolução dos Tenentes em Copacabana, e que se estenderia por quase todo o seu mandato. Sua candidatura fora proposta pelos estados politicamente dominantes, São Paulo e Minas Gerais. A oposição, aglutinada na Reação Republicana, expressão das oligarquias do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, apresentara Nilo Peçanha como candidato à presidência, mas fora derrotada em eleições fraudulentas.
Entretanto, alguma coisa mudara na República Velha. Os antigos esquemas da política dos governadores e do império dos coronéis mostravam sinais de fraqueza. As cidades haviam criado novos personagens que começavam a atuar no cenário nacional: as classes médias, que se ocupavam no funcionalismo público civil ou militar, no clero, nas profissões liberais e no comércio.
A estrutura política brasileira nesse período se caracterizava pelo domínio das oligarquias agrárias, aliadas sob a hegemonia dos cafeicultores. Essas oligarquias nomeavam seus representantes políticos e não estavam isentas de conflitos entre si. Nas cidades, a massa eleitoral das classes médias era requisitada para tomar partido entre as facções oligárquicas, em troca de alguma representatividade política. Além de defender a oligarquia da qual era porta-voz, o político propunha, por exemplo, aumento para o funcionalismo público.
Fazendo um governo autoritário, Artur Bernardes tirou do poder as oligarquias descontentes, decretando intervenção no Rio de Janeiro e na Bahia. No Rio, o governador Raul Fernandes, simpático à oligarquia oposicionista de Nilo Peçanha, foi substituído pelo interventor Aureliano Leal. A população urbana, fiel aos apelos populares de Nilo Peçanha, foi amordaçada pela censura à imprensa e ameaçada pela suspensão das liberdades civis, o que deu ensejo a prisões por motivos políticos.
Recrutada nas classes médias, a baixa oficialidade do Exército, tenentes cuja ascensão social seria determinada pela carreira, tinha razões para se mostrar descontente, A insatisfação diante do papel atribuído pelo governo oligárquico à corporação militar gerou conspirações, que explodiriam durante o governo Artur Bernardes.
Fonte de pesquisa: Nosso Século, Abril Cultural, 1980.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu recado.