A reabertura do mercado russo à carne suína de Santa Catarina havia sido anunciada em março passado, mas somente agora vai se tornar uma realidade comercial. Esta é a notícia mais aguardada nos últimos tempos pelo agronegócio catarinense: depois de quatro anos criando barreiras e empecilhos, a Rússia anunciou ontem, em Moscou, que fechará em uma semana os primeiros negócios para comprar, efetivamente, carne suína barriga-verde.
“A decisão russa chega num momento de sufoco, quando as agroindústrias detêm mais de 30.000 toneladas em estoques somente em território catarinense”, festeja o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.
O vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, avalia que, num primeiro momento, as aquisições russas não aumentarão: o que ocorrerá é que, em lugar de comprar 100% da carne do Rio Grande do Sul, como acontece agora, a Rússia dividirá a cota com Santa Catarina. O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Marcos Antônio Zordan, é mais otimista e prevê que os russos aumentarão o volume das compras porque “eles sabem que temos a melhor e a mais barata carne suína do mundo”.
A situação estava ficando insustentável, de acordo com os dirigentes. No mercado doméstico, o consumo caiu até 75% em alguns centros urbanos em decorrência da errônea associação da influenza A, indevidamente chamada de gripe suína, com a carne de porco. “O consumidor ficou com medo e parou de consumir”, explica Zordan.
No mercado mundial, o volume de consumo é normal, mas os preços despencaram 50% e a tonelada, que era vendida a US$ 3.000 caiu para US$ 1.500. A crise de preço ficou ainda pior com a desvalorização do dólar, o que achatou ainda mais os ganhos da indústria exportadora brasileira.
O presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, prevê que, agora, poderá começar uma lenta recuperação do setor: os preços praticados com os criadores vão parar de cair e o produto voltar, paulatinamente, a se valorizar. Observou que “será um processo demorado, lento e gradual”.
O diretor de mercado interno da Abipcs, Jurandir Machado, disse que a Rússia enviará um veterinário para revisar as plantas (indústrias), não sendo necessário missões técnicas, pois as unidades industriais já foram vistoriadas e aprovadas no passado.
Atualmente, o Estado produz 750.000 toneladas por ano e pode destinar a maior parte para o mercado mundial. O último ano em que Santa Catarina exportou para a Rússia foi em 2005 e chegou a 250.000 toneladas por ano, enquanto as exportações brasileiras totalizavam 400.000 toneladas. Daquele ano em diante, a Rússia deixou de comprar carne catarinense, embora continuasse importando do Rio Grande do Sul. Em 2008,o Brasil exportou 600.000 toneladas, 45% para a Rússia. Em 2009 deve exportar 700.000 toneladas, 50% para a Rússia.
“De forma injusta, Santa Catarina não participou desta festa”, lamenta Pedrozo, lembrando que, em 2008, as vendas para a Rússia somaram 225,79 mil toneladas, num total de US$ 741,52 milhões, uma queda de 18,99% em volume e 11,08% em valor, ante igual período de 2007. O maior fornecedor para o mercado russo foi o Rio Grande do Sul. Considerados todos os mercados (e não apenas a Rússia), as exportações brasileiras totais de carne suína do ano passado atingiram um resultado histórico em divisas econômicas: o país exportou US$ 1,48 bilhão (crescimento de 20%) chegando a 529,41 mil toneladas (77 mil a menos que em 2007).
Por: Marcos A. Bedin
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