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Filha do comerciante e cônsul da Alemanha, Victor Gaertner, conviveu muito pouco com o pai, que veio a falecer quando esta tinha seis anos de idade.
A mãe, Rose Sametzki Gaertner, desempenhou o seu papel de líder em casa e na comunidade. Soube conciliar as responsabilidades domésticas e os seus trabalhos artísticos. Em 1860 Rose liderou a implantação do Theaterverein Frohsinn, hoje Teatro Carlos Gomes, reunindo pessoas para representar peças teatrais.
Edith Gaertner era a caçula de uma família de oito filhos. Seus estudos realizaram-se na Escola Nova, tendo como professor o Pastor Hermann Faulhaber, homem culto.
Em sua época de juventude, os sonhos de uma jovem de sua idade estavam voltados para o casamento. No entanto, os de Edith foram canalizados para uma força maior que lhe despertou outras aspirações. A veia artística prevaleceu. Com o falecimento da mãe, em 1900, Edith procurou dar novos rumos à sua vida.
Dotada de temperamento independente, espírito vivo e desembaraçado, e possuidora de um charme cativante, com 20 anos viajou sozinha para Buenos Aires, onde residiam um irmão e uma irmã. Trabalhou como governanta de uma família numa fazenda do Uruguai e permaneceu neste emprego aproximadamente um ano.
O grande sonho de Edith era o teatro. Na Argentina conheceu a sua musa inspiradora, Elenora Duse, atriz de renome que fazia uma turnê em Buenos Aires. Apoiada pelos irmãos, Edith viajou para a Alemanha, onde cursou por um período de quatro anos a Academia de Arte Dramática em Berlim. Viajou por toda a Alemanha e principais cidades da Europa trabalhando em peças nos mais renomados palcos de teatro de Viena, Dresden, Leipzig e outros. Suas interpretações foram sempre bem recebidas pela crítica que a destacava pela excelente dicção e expressão mímica. Do repertório das suas representações constam peças de Goethe, Schiller, Molière, Shakespeare e outros expoentes do mundo das artes cênicas.
As duas décadas que conviveu com o mundo cultural europeu transformaram-na numa mulher independente, habituada a tomar as suas próprias decisões. Retornar a Blumenau em 1924 foi uma contingência do destino. A doença dos irmãos solteiros, Erich e Arnold, fizeram-na abandonar a carreira artística para administrar a casa.
Edith voltou à Alemanha em 1928 e permaneceu naquele país por mais de um ano. Visitou amigos e reviveu sua época de teatro. Viajou em seguida para a Argentina, em visita à irmã que lá residia, permanecendo por vários meses.
Retornando ao Brasil, modificou radicalmente os seus hábitos e estilo de vida. Do constante e assíduo contato com o público, preferiu refugiar-se no silêncio da sua propriedade, entre livros, animais, o grande jardim e o verde do parque aos fundos da casa. Suas relações de amizades estavam restritas a determinadas famílias. Foi dentro desta magia da natureza, lembranças, leituras, aves e animais que Edith Gaertner passou os últimos anos de sua vida.
Edith faleceu em 15 de setembro de 1967. A residência, o horto e outras benfeitorias foram incorporadas à Fundação Cultural de Blumenau, transformadas no Museu da Família Colonial e Parque Botânico Edith Gaertner.
O seu gosto pela natureza, as flores que alegravam o belo jardim e decoravam o interior da casa, os gatos, seus fiéis companheiros, a freqüência de passear no jardim foram as imagens que Edith deixou registradas pela sua câmera fotográfica.
Fonte: Museu da Família Colonial
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