9 de abril de 2009

Bóias-frias largam a enxada para fazer arte

Em São Paulo, uma das regiões produtoras de café é Mococa, a cidade do Café com Leite (260 km de São Paulo). Os primeiros pés de café chegaram à região por volta de 1840 e foi nessa época que começaram a se formar as primeiras fazendas de café. A região enriqueceu em torno do café. Apesar disso, na última década houve uma diminuição da produção e um avanço da cana-de-açúcar. As fazendas passaram da produção artesanal para a mecanização e os empregos escassearam na região.

No distrito de Igaraí, por exemplo, 1.050 dos 3.180 habitantes vivem na zona rural, cujas principais atividades são as lavouras de café e cana-de-açúcar e o leite vendido aos laticínios locais. Mesmo a população que vive na vila de Igaraí depende quase que 100% dos empregos gerados na zona rural.  Os trabalhos em sua maioria são ocupados por homens. Poucas são as mulheres que se aventuram nos cafezais. Mesmo assim o trabalho de bóia-fria dura apenas quatro meses ao ano. Depois, elas ficam sem fonte de renda. Foi a partir desta observação que a administradora da Fazenda Ambiental Fortaleza, Claudia Davis, e a proprietária Maria Silvia Barreto, decidiram ajudar na geração de emprego e renda para as mulheres da fazenda.


Em 2006, foi aprovado pelo Sebrae/SP um projeto de geração de renda valorizando a cultura local e a contratação do designer têxtil Renato Imbroisi. O foco do projeto passou a ser não só as mulheres da Fazenda Ambiental Fortaleza, mas também as de outras fazendas da região, como a Fazenda Santo António e da vila de Igaraí.

“Na primeira chamada, 57 mulheres se interessaram; porém, metade delas acreditava tratar-se de um emprego formal e acabaram desistindo”, disse Márcia. Ficaram 30 artesãs, que tiverarteboiaam a oportunidade de participar de oficinas de bordado, tingimento natural e porcelana, conheceram a história do café e passaram por oficinas de criatividade. “Muitas só conheciam dois pontos de bordado. Ensinamos a elas 21 técnicas. A partir daí criaram seus próprios desenhos, padronagens, cores e formatos”, diz Tomás Cunzolo Jr, da ONG Vivarta.


A Prefeitura cedeu uma sala para que elas pudessem se reunir e os trabalhos eram feitos em casa. Das 30 artesãs, 13 continuaram o trabalho e este ano surgiu a Associação de Artesanato Café Igaraí. “Elas terceirizam agora a mão-de-obra e vendem para algumas lojas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Fecharam no início do ano a primeira exportação para Taiwan”, diz Márcia.

O projeto foi eleito pelo Top 100 de Artesanato Brasileiro, prêmio promovido pelo Sebrae, como uma das 100 melhores unidades produtivas de todo o País em 2008. Além disso, recebeu também o primeiro lugar do Museu A Casa. No final de 2007 e em fevereiro de 2008 o grupo participou de duas exposições seguidas de vendas de seus produtos em Chicago, nos Estados Unidos, nos cafés Wild Tree e Metropolis. Alguns quadros bordados pelas artesãs chegaram a ser vendidos por U$ 150 cada. Em março do ano passado, o grupo recebeu o patrocínio da organização da feira Craft + Design para participar do evento. As mãos calejadas das mulheres do café conquistaram 30 novos clientes na feira.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias

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2 comentários:

  1. Esse tipo de iniciativa sempre traz bons resultados. Claudia Davis e Maria Silvia Barreto estão de parabéns pela brilhante iniciativa.

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  2. Sr. Luis, obrigado pelo post, passei aqui e verifiquei que havia feito um comentário sobre Igaraí. abs, Tomás (do Grupo Café Igarai)

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