19 de julho de 2009

Torre Eiffel na Amazônia

Com recursos assegurados da ordem de R$ 24 milhões, Brasil e Alemanha estão realizando um sonho acalentado pela comunidade científica desde a década de 1980: a implantação do projeto Observatório Amazônico de Torre Alta (ATTO, na sigla em inglês de Amazon Tall Tower Observatory), que implicará a construção de uma estrutura de 300 metros de altura, no meio da floresta.


Reforçando a atual rede de 15 unidades de até 50 metros, a nova torre a ser edificada – com a mesma altura da Torre Eiffel, em Paris – multiplicará as condições de monitoramento das mudanças climáticas na região, informou Antonio Ocimar Manzi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas do Amazonas (Inpa) e gerente do projeto pelo lado brasileiro. Manzi contou detalhes do projeto ATTO em uma conferência nesta quinta-feira, 16, durante a 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Manaus, AM.

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Fruto de um convênio entre o Ministério de Educação e Pesquisa da Alemanha e o Ministério da Ciência e Tecnologia brasileiro, o Observatório fará a “escuta” da “conversa” da biosfera com a atmosfera. A torre de 300 metros será instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Uatumã, em Presidente Figueiredo, município a cerca de 200 quilômetros de Manaus. Só existe uma experiência similar, na Sibéria.


A torre de 300 metros será rodeada por quatro torres meteorológicas, de até 50 metros. Manzi estima que o sítio experimental do projeto terá vida útil de 20 a 30 anos.


Contando com parcerias de universidades e institutos da Alemanha, Brasil, Finlândia, EUA e Holanda, o Observatório terá em sua mira o efeito estufa, a documentação e quantificação das mudanças biogeoquímicas, os desmatamentos, as queimadas, as chuvas e a substituição das florestas por outras vegetações e por projetos agropecuários. Em resumo, os cientistas querem ver até onde a floresta amazônica se relaciona com o fenômeno do aquecimento global. A iniciativa é denominada pelos pesquisadores como “Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia”.


Os investimentos e custos de construção e operacionalização do projeto, explica o pesquisador do Inpa, serão compartilhados meio a meio por Brasil e Alemanha. Os R$ 12 milhões da parte brasileira sairão dos fundos setoriais transversais administrados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).


Para acelerar o processo de implantação, a Alemanha já definiu os nomes de um gerente (Jürgen Kesselmeir) e o pesquisador-líder em Manaus (Jochen Schoengort). Do lado brasileiro, falta escolher o pesquisador-líder. Além da análise de solo e ambiente locais visando à construção da torre, a equipe está detalhando as linhas de pesquisa e o modelo operacional do ATTO. Com cronograma já aprovado e recursos garantidos, Ocimar Manzi espera que as torres fiquem prontas dentro de dois anos. Um dos desafios, assinalou, passa pela disponibilidade de energia elétrica.


Ainda de acordo com o gerente local, as chuvas e o estoque de carbono receberão atenção especial do Observatório. “A importância pode ser medida pelo fato de aqui, na Amazônia, chover o dobro do que a média mundial”, sublinhou Manzi. Destacou, igualmente, o grande estoque de carbono. “São 100 bilhões de toneladas na biomassa e outras tantas no solo, ou seja, vinte vezes mais do que o estoque mundial”. A questão energética apresenta-se como uma preocupação estratégica dos parceiros envolvidos.


“O complexo de torres propiciará, em síntese, as condições para a comunidade científica conhecer e dominar todos os mecanismos da camada de ozônio limite em escala planetária”, concluiu o pesquisador do Inpa.

Fonte: Moacir Loth, da UFSC, para a Agência SBPC

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2 comentários:

  1. Sabe amado, não sou muito favorável a estas uniões, se tiver de acontecer deveria ser com recursos financeiros e humanos daqui do Brasil, esse negócio de colocar os estrangeiros por lá não me soa muito bem.
    A paz

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  2. Isso ai está mais para marketing...nãoa cho correto fazer uma obra dessas na floresta. Depois vão dizer que os brasileiros estão dematando tudo...Mas do jeito que as coisas estão vão construir até parque temático no meio da floresta. Abraços.

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