22 de julho de 2009

O Limbo da inibição

Descobri que existe um lugar pior do que o Inferno. Será possível mesmo? O Inferno para o catolicismo é o lugar para onde vão os pecadores após a morte e utilizamos esse termo no senso comum também para caracterizar um sentimento de tormento, suplício.

Existe, porém, um outro lugar que aparece muito nas queixas daqueles que me procuram na clínica e também na vida diária, se pararmos para observar muitas pessoas que nos cercam: A INIBIÇÃO. Inibição da capacidade de trabalhar, de amar, de se relacionar. Inibição diante da vida, sem aproveitar as próprias conquistas. É o caso daqueles que não conseguem usufruir da presença dos amigos apesar de adorar ter amigos, ou então de quem gosta muito de dançar mas não faz isso, ou gosta de viajar e sempre prorroga em nome de um dia poder aproveitar mais a vida. Dá para citar também aquele que esbanja inteligência e se inibe para ingressar num curso superior por exemplo, ou ainda quem compra uma roupa nova mas não usa para não gastar, para cuidar. Os exemplos podem ser inúmeros.

Estamos sempre diante da tentação da inibição, de ficar no limbo, no não cheira e não fede na não utilização do nosso potencial e a infelicidade me parece que é mais isso. O sofrimento provávelmente vem daí. O que nos marca não são os fatos trágicos que podem nos ter acontecido mas sim a nossa impossibilidade de reagir a eles. A perda de um amor, ou de algo muito importante dói quando em função disso, também matamos a nós próprios nos inibindo para a vida e para si mesmo. É claro que momentos de introspecção e de tristeza profunda nos fazem revirar tudo pelo avesso, o que pode ser muito produtivo, proporcionando revisão de perspectivas, de visão e posição diante do mundo.

Lembrei-me do nosso vice presidente José de Alencar. Ele já se acostumou com o fato de ter um grave problema de saúde mas nem por isso deixou de viver verdadeiramente a vida. Uma ocasião em que estava saindo do hospital após tirar inúmeros focos do tumor maligno disse que pedia Deus que fizesse por merecer cada dia a mais de vida que lhe tem sido dado. Entendi que isso significava poder usufruir verdadeiramente dos dons que recebeu.

Enfim, que recebemos sim muitas coisas sem pedirmos e coisas valiosas: nossa vida, um potencial interno que pode ser desenvolvido. Quando crianças não temos noção alguma do que somos mas quando descobrimos isso, temos uma responsabilidade e talvez a traição dela, seja uma das coisas que nos infelicitam. Não usufruir o que somos e podemos ser é triste, muito triste e isso não é inferno, pois no inferno estão aqueles que bem ou mal, tomaram alguma atitude, viveram alguma coisa.

Mas no limbo da inibição não há vida, há miragem, não há ser, há o quê? Queixumes, dores físicas geralmente injustificadas fisiologicamente, há desejos mutilados, há mágoas contra os outros mas que no fundo geralmente são contra si mesmo, há inveja, há lamentos, há bloqueios, há dependências...

Por: Návia T. Pattussi/Psicanalista/naviat@terra.com.br

Fonte: Marcos A. Bedin
MB Comunicação
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2 comentários:

  1. Realmente é isso o que acontece. Normalmente essas pessoas são amargas e vivem reclamando de tudo e se puderem ainda prejudicam os outros.
    Sair do marasmo e viver a vida é o mínimo que podemos e devemos fazer. Se errarmos, sempre será possível tentar corrigir os erros. Mas se ficarmos sentados e presos em lamentações, jamais saberemos o quanto poderíamos ter acertado!

    Abraços

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