19 de junho de 2009

Depoimento: " Eu matei Euclydes da Cunha" – parte final

Com este post encerramos o artigo Depoimento: " Eu matei Euclydes da Cunha" onde, Dilermando de Assis, narra em detalhes ao jornal Diário de São Paulo, entre agosto e outubro de 1949, como matou Euclydes da Cunha. Assim descreve Dilermando os detalhes do crime:

Eram mais ou menos dez horas da manhã de domingo, 15 de agosto de 1909. Estávamos tomando o café da manhã na sala de jantar. Eu, dona Anna, Dinorah meu irmão e Sólon, filho de Euclydes e dona Anna, que ali pernoitara. Luiz, o caçula do casal, de pouca idade, também estava sendo alimentado. Finda sua refeição Dinorah levantou-se, se dirigido à sala da frente, para apanhar cigarros.

Pouco depois regressava, a fim de comunicar-me que Euclydes da Cunha se achava no portão, batendo. Disse-lhe então que o fizesse entrar para salas de visitas, enquanto iria a meu quarto vestir a túnica, pois me achava em manga de camisa.

Estava eu no meu quarto quando simultaneamente com o ruído de seus passos rápidos em direção ao meu quarto, ouvi Euclydes pronunciar bruscamente – Vim para matar ou morrer! Só tive tempo de perguntar – Que é isso, doutor? Desfechou-me Euclydes um tiro, atingindo-me na virilha direita, vociferando: – Bandido!Desgraçado!Mato-os…

Num gesto rápido desfechou-me o segundo tiro, este em pleno peito, que me fez cambalear, retroceder e cair dentro do quarto. Dinorah, que o acompanhara da sala e o vira sacar o revólver correu em direção ao seu quarto, naturalmente para amar-se. Nesta ocasião, Euclydes, perseguindo-o de perto, fez pontaria e alvejou-o de perto, fez pontaria e alvejou-o a queima roupa, na nuca, aos meus olhos.

Vendo meu irmão ferido pelas costas e perseguido por um agressor feroz, ergui-me e apanhei meu revólver. Euclydes desfechou-me mais um tiro, produzindo-me grande equimose na altura de uma das costelas direitas. Então, somente aí, várias vezes ferido, alvejei-o diretamente.

Em outubro de 1909, minha prisão foi decretada pela autoridade competente. De agosto a outubro, sofri coação ilegal e injusta, mantido sob incomunicabilidade e impossibilitado de defender-me.”

Leia também:

Depoimento: " Eu matei Euclydes da Cunha"

Fonte de pesquisa: Nosso Século, Abril Cultural, 1980

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