29 de março de 2010

A realização sexual vale pelo prazer compartilhado

Foi publicado na Folha de São Paulo (em 21/02/10), um Caderno “Sexo”, expondo os resultados da pesquisa Datafolha sobre a sexualidade dos brasileiros, num estudo comparativo com outro levantamento realizado em 1997. Na capa consta: “Doze anos depois, o Datafolha volta a sondar a sexualidade dos brasileiros. Entre avanços e recuos, ficou mais fácil falar de sexo e diminuiu a distância entre o comportamento do homem e o da mulher. Velhos tabus convivem com novas paranóias, como a obsessão pelo desempenho.”

Nos animais a sexualidade é regulada fisiologicamente, através do ciclo biológico do cio, o que simplifica praticamente tudo em termos de reprodução e principalmente por que não há a dimensão do prazer no mundo animal. Já no ser humano essa regulagem é realizada pela cultura. São as normas sociais, os preceitos éticos e morais que produzem uma espécie de dosagem das manifestações sexuais, determinando o que é permitido e proibido. Se poderia pensar por que há a regulagem do sexo? Que perigos podem advir de sua liberação? As conseqüências de uma agressividade desenfreada são mais fáceis de perceber, uma vez que tem uma relação direta com a integridade física e psicológica do outro, mas ... e o sexo? Envolve o outro também, mas... Deixarei essa questão em aberto para retomá-la numa outra oportunidade.sexo140

De qualquer forma, por mais que o sujeito possa dizer-se autêntico e liberado haverá sempre um resto inconsciente dos discursos restritivos que fizeram parte da educação de cada um que, tal qual uma bússola, indicavam a direção do que geralmente não se podia fazer em termos da sexualidade e o que seria possível só o era sob determinadas condições, situação essa que se mantém em qualquer comportamento dito civilizado. Paradoxalmente, o não determinismo biológico, ou a subversão das leis da natureza pelas leis da linguagem (moralidade, regras sociais), sulcam os corpos, e permitem que o ser humano tenha a possibilidade da escolha do objeto sexual, assim como do momento e da forma realização do ato. A cultura, com suas exigências, lapida os desejos e as ações. Digamos que seja uma espécie de refinamento da condição biológica, natural.

O articulista da Folha, Hélio Schwartsman, na publicação mencionada, coloca: “Se há algo que não varia muito entre diferentes culturas e épocas são as maneiras de fazer sexo: embora o repertório de papéis, posições e parafilias possíveis seja extenso, ele é finito. O que muda bastante é a forma como cada sociedade e cada geração lidam com o sexo: os comportamentos que consideram aceitáveis ou desviantes, o grau de repressão sobre os últimos, a liberdade com que se fala do assunto. Aqui as possibilidades são quase ilimitadas.”

Entre as mudanças das últimas décadas está a forma de iniciação sexual para ambos os sexos: com amigo(a) ou namorada(o). A prostituta, a escrava ou empregada doméstica foi substituída para os homens, e o casamento ou o amor, não necessariamente acompanham a primeira relação sexual, também agora, das mulheres.

A grande novidade dos últimos anos, talvez a maior de todas, é a reivindicação feminina de sentir prazer e efetivamente ir em busca disso, aspecto que ainda desconcerta muitos homens. Há que se entender, e nesse ponto, nós mulheres precisamos desenvolver uma maior sensibilidade quanto à sexualidade masculina, as fortes repercussões deste fator no exercício da masculinidade. Por conta disso, está sendo colocado em xeque o imperativo de “comer todas”, “não deixar passar”, prisão sexual para muitos homens, pois esse mandato exclui a liberdade de escolha.

Conforme a pesquisa referenciada, e também em decorrência de muitos estudos nessa área, o aspecto mencionado está sendo substituído pela preocupação com a performance, com a exigência de proporcionar prazer a uma mulher, embora seja evidente que isso não depende somente do desempenho masculino, embora esse seja fundamental. Em contrapartida também as mulheres tem se imposto a necessidade de ativamente dar prazer ao homem, quebrando aos poucos os clichês de mulher fria e dependente também nessa área. Fica evidente então a seguinte tendência: A RELAÇÃO SEXUAL VALE PELO PRAZER COMPARTILHADO e não mais pela satisfação exclusiva de um ou outro parceiro.

Enfim, que essas mudanças todas são para melhor. Vejo cada vez mais homens e mulheres tentando se encontrar e se reconhecer, apesar das angústias e temores. Quantas revoluções mais presenciaremos? Os limites da atuação e dos desejos humanos são incomensuráveis e uma caixa de surpresas. A história nos mostra isso e o presente e o futuro são sempre possibilidades!

Volto a lembrar que, A PARTIR DO DIA 27/03/10, DE QUINZE EM QUINZE DIAS, FAREI SEMINÁRIOS ABERTOS AO PÚBLICO EM GERAL SOBRE “A SEXUALIDADE HUMANA NA CONCEPÇÃO PSICANALÍTICA”. SERÁ UM CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, ATRAVÉS DA UNOESC – CHAPECÓ, CURSO DE PSICOLOGIA. AS INSCRIÇÕES ESTÃO ABERTAS E AS VAGAS SÃO LIMITADAS. FONE: 3319-2655. O OBJETIVO SERÁ ESTUDAR E DEBATER A CONCEPÇÃO DA PSICANÁLISE SOBRE A SEXUALIDADE ATRAVÉS DA LEITURA DE TODAS AS PRODUÇÕES DE FREUD SOBRE ISSO.

Por: Návia T. Pattussi/Psicanalista/naviat@terra.com.br

Fonte: MARCOS A. BEDIN

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