A escola patrocinou, entre seus 40 melhores alunos, uma viagem ao Museu da Pontifícia Universidade Católica e ao Planetário na cidade de Porto Alegre.
A história tem, sucessivamente, quatro cenários: um ônibus escolar, um sóbrio colégio de freiras em uma cidade do sul do Brasil de colonização italiana, justiça da mesma cidade e a sessão de uma câmara cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul formada por desembargadores de riso contido e rubor facial.
Já no retorno, início da noite de uma sexta-feira hibernal, aconteceu o que "não estava no programa": um casal de jovens, recém ingressados na maioridade, praticou sexo oral no último banco do ônibus. Ela, ativa; ele passivo.
Apropriadamente, duas colegas coniventes mantinham-se de pé, no corredor, numa tentativa para que a visão do panorama fosse obstada pelos demais partícipes da viagem.
No dia seguinte, a direção da pia instituição determinou uma investigação. A diretora ouviu dez excursionistas e decidiu pela aplicação de pena de suspensão de oito dias dos dois alunos. O que já era um diz-que-diz na cidade se transformou numa notícia bombástica. Cumprida a pena de suspensão, o jovem se conformou. Já a companheira - inflada pelo incentivo de colegas quanto à liberdade sexual - foi ao escritório de notório advogado e não deixou por menos: - Quero fazer uma ação por dano moral contra as freiras!
Assim foi feito - o advogado caprichou na argumentação, calcando que tudo não passara de fofocas e que ninguém teria visto libertinagem alguma. A juíza, por prudência, ordenou segredo de justiça. Colheu a contestação da escola e ouviu a autora e oito testemunhas. A sentença, embora singela, calcou no puntum dollens do caso: "houve sexo oral no ônibus, sabidamente um local impróprio para essa intimidade, mesmo considerada a maioridade dos envolvidos".
Houve apelação no Tribunal de Justiça, o desembargador relator, após minudente relatório e conciso voto, concluiu:
- Colegas, vou usar só uma frase do depoimento de uma das testemunhas para concluir pelo improvimento do apelo.
E desfiou:
- "Fulana era um pouco largada, falava palavrões e sobre coisas do sexo. Disse para a depoente que já havia transado com uns caras há tempos atrás. E confirmou que tinha feito sexo oral no ônibus com o beltrano e tinha sido muito gostoso".
A desembargadora-revisora ficou corada, enquanto resumida e tecnicamente dizia:
- "Restando assente que a punição ocorreu com lastro em justa causa, a indenização pelos danos morais igualmente não merece acolhida, na medida em que a responsabilidade civil é afastada quando há culpa exclusiva da própria vítima". O magistrado vogal foi sintético: - Se a autora ficou mal vista na cidade, tal ocorreu por sua exclusiva culpa.
Um dia depois de publicado o acórdão, ingressou no TJ petição de desistência de todo e qualquer recurso. Então, o processo subiu, de retorno, à serra gaúcha. Ali, depois de consultar as partes - e receber a concordância dos advogados - a juíza determinou que os autos fossem incinerados. Mas há quem tenha em mãos cobiçadas cópias de peças processuais.
O romance é até hoje comentado na cidade, onde ficou conhecido como "o caso do picolé".
Fonte: Espaço Vital
Q'coisa em...
ResponderExcluirmuito bom gostei.
è cada uma que acontece nesse nosso paíz!
ResponderExcluirÉ incrível os assuntos que chegam até a Justiça, imagina o constrangimento para tratar desse assunto numa corte superior.
ResponderExcluirA "vítima" deve estar atuando em puteiro em Porto Alegre, será que bota isto no currículo?
ResponderExcluir"Caso do picolé" foi ótimo...
ResponderExcluirEla ,sentindo-se ultrajada pois no pau ! Mas não obteve sucesso.
ResponderExcluirO Caso do Picolé não é o único neste país! Infelizmente tem pessoas que não se importam com o pudor. Eu já vi na Praia de Botafogo um casal se amando feliz da vida. Eu e os demais passageiros do mesmo onibus. Estávamos parados por causa de engarrafamento. Não sabíamos se ríamos ou se sentíamos constrangimento!
ResponderExcluirhehehehe a sacanagem não tem limite mais, rs. Abraços
ResponderExcluirO caso do picolé essa é boa. Ótimo post, a sei lá o mundo ta louco, santo ninguém é mais depravação total isso não é legal, no meu ponto de vista. Tem gente que faz de tudo para se mostrar, inclusive chupar picolé no ônibus, eu hein
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