A relação do Brasil com o café começou em 1727 e deixou fortes marcas culturais e econômicas na sociedade. O grão é tradicionalmente conhecido por dar energia e vitalidade. Atualmente o país é o maior produtor e exportador de café e o segundo maior mercado consumidor mundial, sendo o único fabricante em larga escala das duas variedades mais apreciadas: a arábica e a robusta. Além de ser apreciado como bebida, o processamento dos grãos gera um resíduo que pode ser utilizado como fonte de energia, diminuindo o custo das empresas e reduzindo a poluição ambiental.
Durante o cultivo do café, aproximadamente dois milhões de toneladas de cascas de grãos são produzidas por ano no Brasil. Esse subproduto normalmente vai para o lixo ou é usado para a forração dos terrenos dos cafezais, restituindo parte dos fertilizantes retirados pela planta. Contudo, a casca do café tem um potencial energético que pode, em alguns casos, torná-la substituta da lenha, sendo uma opção mais barata e ecologicamente correta para empresas que usam a madeira na geração de energia. Suprir as necessidades desse mercado significa cortar menos árvores e contribuir para a redução do desmatamento.
Para otimizar esse potencial, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), liderados pelo engenheiro florestal e bolsista CNPq/MCT, Ailton Teixeira do Vale, desenvolvem estudo para demonstrar a importância dos resíduos agroflorestais como fonte de energia,tanto para indústrias quanto em comunidades rurais. “A casca do café, assim como outras biomassas, pode gerar eletricidade em termoelétricas, a partir da combustão em fornalhas, gerando energia na forma de calor, utilizado para a produção de vapor, que por sua vez é utilizado para a produção de energia elétrica e, em cogeração, outras energias como a mecânica”, explica Vale.
Quando usada como combustível, a casca do café, assim como outros resíduos agroflorestais, tem inúmeras vantagens em relação aos combustíveis fósseis. “Em primeiro lugar, é um combustível renovável, e os compostos liberados na sua combustão são sequestrados pelos novos plantios, fechando o ciclo do carbono, e, portanto, não contribuindo com o efeito estufa. Outra vantagem é a possibilidade de agregar valor a um resíduo que geralmente é descartado e, com isso, gerar emprego, renda e desenvolvimento social nas regiões onde a cultura do café é uma prática”, explica o pesquisador.
Espera-se que os dados obtidos a partir desse estudo possam ser utilizados para melhorar a gestão dos resíduos provenientes de biomassa e que isso possa abrir a possibilidade de uso na produção de energia em pequenas comunidades rurais e nas agroindústrias, a partir da combustão, da gaseificação ou da transformação em carvão vegetal, assim aumentando sua participação na Matriz Energética Brasileira.
A agregação de valor ao resíduo gerando um novo produto é sempre bem-vinda, pois diminui a poluição do meio ambiente e possibilita uma qualidade de vida melhor para as pessoas envolvidas no processo ou moradoras da região; além de agregar valor ao resíduo, o que demandará mão-de-obra, equipamentos, capitais, empresas de serviços e toda uma infraestrutura administrativa, industrial e comercial, elevando o nível econômico e beneficiando a sociedade”, afirma Vale.
O país é referência internacional na substituição do petróleo por biomassa. O maior exemplo é o uso do etanol como combustível para veículos de passeio e de carga. Na siderurgia o uso de carvão vegetal na produção de ferro gusa é uma realidade há décadas. Outra frente que tem crescido é a produção de energia elétrica em termoelétricas, principalmente nas usinas de açúcar e álcool e nas fábricas de celulose e papel, a partir de resíduos, com unidades movidas a bagaço de cana de açúcar, licor negro, restos de madeira, casca de arroz, biogás e carvão vegetal.
Com informações da Assessoria de Comunicação Social do CNPq
Oi amigo Luiz, boa tarde!!
ResponderExcluirComo uma boa amante de café gostei muito de saber essa outra boa notícia a respeito desse grão tão especial...
Bjs e um excelente fim de semana!
Lu