19 de agosto de 2012

O cinema artesanal do Brasil

Nos anos 1920, o cinema brasileiro entra em fase de expansão. Surgem pioneiros em vários estados, diversificando a temática cinematográfica. Em São Paulo, José Medina, que se associara a Gilberto Rossi em 1919, lança em 1920 o filme Perversidade. Pintor e fotógrafo, Medina abraçara o cinema com paixão. Era um tempo de artesanato. Com a falta de tecnologia para iluminação, as cenas eram filmadas à luz do sol. Medina montava cenários no quintal de seu estúdio e filmava ao meio-dia, para não ter sombras. Produziu obras como Gigi em 1925, baseada num conto de Viriato Correia, e Fragmentos da Vida em 1929, adaptação de um conto do norte-americano O’Henry.TesouroPerdido

No Rio de Janeiro, em 1920, a portuguesa Carmem Santos criou a empresa Films Artísticos Brasileiros e lançou o filme A Carne, adaptado de um romance de Júlio Ribeiro. Depois veio Mademoiselle Cinéma, baseado na obra escandalosa de Benjamin Costallat. Era a moda do cinema picante. Também no Rio, Ademar Gonzaga e Pedro Lima fazem uma verdadeira escola de cinema, através das revistas Para Todos, Seleta e Cinearte, publicando informações sobre a produção cinematográfica brasileira e divulgando atores e atrizes como Grácia Moreno, Eva Schnoor, Lelita Rosa, Nita Ney, Eva Nil, Estela Mar, Luís Soroa, Carlos Modesto, Paulo Morano e Raul Schnoor.  

Além de divulgar estes nomes para competir com o cinema norte-americano, que dominava 90% do mercado brasileiro, essas revistas influenciaram jovens cineastas de outros estados, como Humberto Mauro, mineiro de Volta Grande, que iniciou sua carreira em Cataguases com o filme Valadião, o Cratera de 1925 que conta a história de um bandido. Em 1926 Mauro filma Na Primavera da Vida, Tesouro Perdido, Brasa Dormida e Sangue Mineiro.

No nordeste o movimento cinematográfico concentrou-se em Pernambuco, onde se destacaram dois jovens talentos, Edson Chagas e Gentil Roiz que dirigiu Aitaré da Praia, filme que retratava a vida dos jangadeiros. No sul, destacaram-se os gaúchos Eduardo Abelim e Eugênio Kerrigan, que se associaram para dirigir Amor que Redime, melodrama urbano muito comentado em Porto Alegre.

Fonte: Nosso Século, Abril Cultural, 1981

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