27 de março de 2012

Sexualidade feminina

Tomando como referencia a pesquisa realizada pelo Datafolha (Folha de São Paulo, 20/02/10) sobre a sexualidade dos brasileiros, chama a atenção uma diferença entre homens e mulheres que ainda persiste: a tendência das mulheres evitarem a masturbação, ao contrário dos homens. O prazer solitário ainda é mais explorado por eles. Isso evidencia o quanto a relação da mulher com o prazer ainda rende muitos questionamentos. Libera-se, “pero no mucho”, como dizem.

Uma coisa é deixar de seguir o desejo por reprimi-lo (abafá-lo) e outra, é não reconhecê-lo, é viver como se estivesse anestesiada para o prazer. O prazer, nesse caso, não é permitido. Por quê? Existem “ranços” antigos em relação a isso, pois entram aqui aspectos morais, ou seja, o que determinada sociedade espera de uma mulher, como ela deve agir em relação a sua sexualidade para se sentir aceita. Qual o limite entre o prazer consentido e a vulgaridade? O que é ser vulgar? É comum ouvir-se falar em mulher vulgar, mas... homem vulgar, é raro. Homem “galinha”, sim. Talvez o ser vulgar ou o ser galinha, tenha uma relação direta com o ato. Explico: na lógica dos relacionamentos tudo indica que o esperado é que ninguém vá direto ao ponto, de chofre. O jogo de sedução, nada mais é do que uma forma de lidar com o tempo, as palavras e os gestos, fazendo com que haja espera, e os caminhos ocorram de uma forma indireta.SexVegQ

Então, perceber alguém como vulgar ou galinha, talvez tenha a ver com as vias diretas, ir direto ao ponto, sem muitos rodeios. Os animais agem assim. Nós podemos mais, sofisticamos as relações ou as anulamos. Para a mulher parece ser esperado um pouco de resistência. Para acender o desejo masculino? A resistência, até certo ponto, aumenta a excitação sexual. Isso seria o erótico, diferenciando-se do puramente sexual.

De qualquer forma, prazer sexual, pode ser considerado ainda uma arena nova para nós, mulheres, nos últimos séculos. Não é por acaso que proliferam na TV fechada e agora na aberta também, programas sobre sexo dirigidos por mulheres, a maioria deles, separando nitidamente o sexo do amor. Temos o “Papo calcinha” no Multishow, “Amor e sexo” na Globo, Sue Johansson na GNT, a antiga série Sex and the City e muitos outros.

Parece um ensaio, reconhecimento de um terreno até pouco atrás desconhecido. A impressão que me dá é que estamos aprendendo a nos relacionar com o prazer, com o sexo. Talvez por isso haja a oscilação entre comportamentos afoitos ou reprimidos. Lidar com o tempo, as palavras e os gestos em prol de uma sexualidade mais prazerosa pode ser um ganho imenso em termos de qualidade nos relacionamentos, e a espera pode não ter nada a ver com repressão, mas com opção, direito de escolha.

Por: Návia T. Pattussi

Psicanalista

naviat@terra.com.br

Fonte: MARCOS A. BEDIN

MB Comunicação Empresarial/Organizacional

mb@mbcomunicacao.com.br

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