15 de agosto de 2011

Quando a mordida não se encaixa

Muitos pacientes são surpreendidos pelo dentista com a notícia de que precisarão fazer uma cirurgia nos ossos da face para alinhar os dentes ou acertar corretamente a mordida. A principal pergunta, nesses casos, é se o uso do aparelho ortodôntico não resolve o problema. De acordo com o especialista em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial e mestre em lasers em odontologia, Silvio Mauro Gallon, da Clínica Arte e Face de Chapecó, o alinhamento dos dentes, sempre exigirá o uso de aparelhos ortodônticos. Porém, muitas vezes, os ossos que sustentam os dentes estão com dimensões anormais ou mal posicionados entre si e necessitam de cirurgia.

Nos tratamentos orto-cirúrgicos, como são chamados, a combinação entre o uso de aparelhos e intervenções cirúrgicas é o único caminho para a adequada solução do caso. “Alinhar os dentes em ossos mal posicionados é como empilhar livros em prateleiras tortas, eles ficam instáveis e suscetíveis a danos. Da mesma forma, apenas alinhar a prateleira e deixar os livros desorganizados não trará um bom resultado. Temos que lembrar que nossos dentes funcionam com constantes forças de aperto entre si e, se estiverem desalinhados, irão se desgastar precocemente, quebrar e perder a sustentação”, explica o cirurgião-dentista.mordida

Entretanto, para entender cada caso, é necessário um plano de tratamento minucioso e detalhado, combinando experiências do cirurgião e do ortodontista. Juntos, eles escolhem o melhor caminho, optam pela remoção ou não de dentes instáveis, planejam a ordem das etapas do tratamento e finalizam o caso adequadamente.

No início do tratamento, o paciente deve consultar o cirurgião e o ortodontista. Dessa forma, pode passar as suas queixas, orientar os profissionais quanto à sua percepção e receber todas as instruções necessárias à decisão do tratamento. “Geralmente, o tratamento leva de dois a três anos e pode ter uma ou duas cirurgias no seu decorrer. Na maioria dos casos, os dentes são alinhados previamente para, depois, a cirurgia ser realizada. Porém, o procedimento pode ser indicado no início do tratamento, dependendo da avaliação dos profissionais”, complementa.

O especialista observa que muitos pacientes, diante da informação de que devem operar, saem em busca de profissionais que tratam o caso sem a realização da cirurgia. “Infelizmente as vezes encontram, seja por inexperiência do profissional em diagnosticar ou por despropósito na condução do caso. Quando isso acontece, e o tratamento é feito ignorando a necessidade da cirurgia, as consequências podem ser desastrosas, levando ao aumento das retrações de gengiva, perda precoce dos dentes e retorno do problema em alguns anos”, ressalta.

Na maioria dos casos, a decisão de incluir a cirurgia ou não no tratamento não é do paciente, mas da necessidade de cada situação. Cabe ao paciente decidir se aceitará o tratamento ou se prefere administrar os riscos. “Passar para o paciente a decisão de incluir ou não a cirurgia no tratamento é uma irresponsabilidade, pois ele não tem conhecimento técnico suficiente para compreender as implicações dessa decisão”, salienta o cirurgião.

As preocupações do paciente com relação às cirurgias podem ser reduzidas quando há diálogo com os profissionais, que podem transmitir mais segurança. Antes do tratamento cirúrgico são realizadas cirurgias experimentais em modelos de gesso para decidir o melhor posicionamento dos ossos. Além disso, as fotografias e tomografias são avaliadas e é executado um exame clínico com medidas diretas das proporções faciais, tudo para tornar o tratamento preciso. “É importante destacar que as cirurgias ocorrem em ambiente hospitalar e sob anestesia geral, ou seja, é um procedimento seguro, exaustivamente planejado e que permite ao paciente uma checagem prévia do seu estado de saúde, reduzindo os riscos”, finaliza.

Fonte: MARCOS A. BEDIN

MB Comunicação Empresarial/Organizacional

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