Há 10 anos o Brasil importava carne bovina para consumo interno e nos dias atuais reverteu a situação passando a ser exportador. Esta foi a afirmação do primeiro palestrante da tarde de terça-feira durante o Agrogestão 2010, evento realizado dias 16 e 17 de março no Centro de Cultura e Eventos Plinio Arlindo De Nes em Chapecó.
O ex-primeiro ministro da Nova Zelândia e ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio, Mike Moore também afirmou. “Quando vim para o Brasil há 25 anos ouvi que o país era a superpotência do futuro e também percebi que as pessoas brincam com isso. Essa brincadeira é mentirosa, porque o Brasil realmente tem força para ser uma superpotência e as negociações da Rodada de Doha vão auxiliar muito nisso”.
A questão principal do Brasil em discussão na Rodada de Doha é a exportação de produtos à base de algodão. Os Estados Unidos da América impõem medidas de subsídios aos produtores locais e o Governo brasileiro discute o corte destes subsídios. Segundo o palestrante, o Brasil deverá ter êxito nessa discussão.
Moore vem do movimento trabalhista sabe como é difícil trabalhar e alterar políticas de impostos, no entanto, a reforma foi realizada na Nova Zelândia e a situação mudou. Apenas 1% dos produtores faliram com as mudanças, mas esse número é baixo considerado o crescimento que o país obteve. “Junto com Hong Kong e Cingapura, somos o país mais aberto comercialmente e estamos entre os menos corruptos do mundo”, diz.
Para Moore os países mudam de acordo com as políticas institucionais que adotam, entre elas está a necessidade de estabelecer conduta ética e correta de gestão. Até mesmo as empresas, em um futuro próximo, serão questionadas sobre a origem da matéria-prima que utilizam. “A economia dos países faz as coisas parecerem verdadeiras, já a política faz com que elas se tornem más. As grandes empresas precisarão se certificar sobre os produtos que compram, pois o consumidor será cada vez mais exigente com as origens”, complementa Moore.
O palestrante aprova as atuais políticas do governo Brasileiro em relação ao Ministério da Agricultura. O tema foi levantado durante painel anterior, realizado no Agrogestão 2010, onde participou o Ministro Reinhold Stephanes. Para Moore, é importante trazer os produtores para as rodadas de discussão e negociação, pois se eles não participarem, outras entidades farão esse papel, mas sem saber o que realmente é importante para a classe.
O sistema de agricultura familiar também foi abordado pelo palestrante, que disse entender a gestão familiar como a organização de uma pequena empresa onde é preciso pensar a conduta e manutenção econômica. Uma das saídas é contratar pessoas em regime semi-integral.
A forma como o Brasil se organiza e cresce voltou a tona no final da palestra, quando Moore disse ter medo do futuro do país perante o mundo, referindo-se ao potencial que poderá alcançar. “Eu tenho medo do que vocês fizeram com a carne. Ou nós (governo da Nova Zelândia) usamos isso a nosso favor ou viramos o novo Uruguai”, conclui.
Texto e foto: MARCOS A. BEDIN
MB Comunicação Empresarial/Organizacional
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