As cooperativas no universo feminino. Encontro discute papel e atribuições das mulheres nas cooperativistas.
A Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) promove nestas quinta e sexta-feiras (15 e 16 de outubro) o 8o Encontro Estadual de Mulheres Cooperativistas, no CentroSul, em Florianópolis. O encontro reunirá 700 mulheres ligadas a todos os ramos do cooperativismo catarinense para a discussão de temas da atualidade e terá patrocínio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/SC).
À frente da organização do evento está a gerente de recursos humanos da Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí (Cravil), Marina Lessa Mansur Pontes, que disserta, nesta entrevista, sobre a evolução promovida pelas mulheres inseridas direta ou indiretamente nas cooperativas.
As cooperativas fazem parte do universo feminino?
Marina – Eu diria que hoje é o universo feminino que está inserido no contexto das cooperativas. Já avançamos o tempo onde se falava sobre a urgência da inserção da mulher no sistema cooperativo. A prática já registra uma participação efetiva e coerente. Há que se respeitar neste contexto, o ritmo em que esta participação ocorre e em que níveis ela acontece, porque existe um aprendizado e um crescer constante. A mulher está, dia a dia após dia, se capacitando para tal.
As cooperativas estão, realmente, abrindo espaços para as mulheres? Quais os números atuais da participação delas nas cooperativas?
Marina – Considero importante destacar a qualidade desta participação e da contribuição da mulher no processo de gestão da sociedade e das instituições nas quais ela está inserida e não o número de mulheres. Não gosto de tratar participação por quotas mas por conquistas. No entanto, na última década é significativo o número de mulheres que se habilitaram e disputaram vagas nos Conselhos de Administração das Cooperativas, nos quadros de lideranças e muito mais ainda, nos quadros funcionais de gestão de cooperativas. A presença da mulher no processo de gestão e decisão impõe uma característica mais holística. Por ser mais criativa e detalhista que o homem, a mulher consegue trazer para o centro da discussão possibilidades que em geral passariam despercebidas. Alguém ainda duvida do sexto sentido feminino? Certa vez eu li que esta é a comunicação direta da mulher com Deus! Alguns podem até pensar: Assim é muito fácil...
Quais os efeitos desse fenômeno na qualidade de vida das mulheres e na composição familiar?
Marina – A mulher cumpre seu papel de ser mãe, esposa, amiga, e certamente ainda consegue ser mulher a maior parte do tempo. Luiz Fernando Veríssimo afirma em um dos seus poemas que “as mulheres nascem com muitas incumbências e uma delas é ser mãe! E preparam, literalmente, gente dentro de si. Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal? E não satisfeitas em gerar a vida, elas insistem em ensinar a vivê-la, de forma íntegra, oferecendo amor incondicional e disponibilidade integral.” Diante disso, os efeitos sobre a qualidade de vida das mulheres e por extensão de sua família, tem sido extremamente positivos, porque ela atua como agregadora e multiplicadora de emoções e, estando ela bem, consegue carrear esse efeito para a sua família e sua comunidade. Capacitar as mulheres produz um efeito multiplicador na produtividade, eficiência e crescimento econômico sustentável.
O que contribuiu para essa virada no cooperativismo?
Marina – A Aliança Cooperativa Internacional, que tem como missão básica unir, representar, fortalecer e atender às cooperativas do mundo inteiro, em sua política de gênero afirma que as cooperativas tornar-se-ão mais fortes economicamente e mais influentes politicamente se mais mulheres forem ativamente envolvidas. Apesar de muitas dificuldades, a vocação de igualdade, característica do cooperativismo, continua sendo reconhecida e enaltecida internacionalmente.
O Cooperativismo Catarinense há mais de duas décadas vem incentivando, propiciando e abrindo portas para a participação feminina. O que estamos fazendo nas cooperativas é fortalecer estas ações e fortalecer a presença da mulher através de informação e formação.
Como ocorre esse processo nas cooperativas agropecuárias, as mais poderosas do cooperativismo de Santa Catarina?
Marina – No cooperativismo agropecuário creio que a participação da mulher acontece de forma mais espontânea, porque este segmento sempre teve uma ação muito forte junto a família, em programas de assistência técnica e de fomentos ou através de programas sociais e educativos com mulheres, jovens, crianças e lideranças. O fato do cooperativismo agropecuário ter um vínculo maior com a família e com o trabalho da propriedade, se tornou quase que pioneiro nesse trajetória da mulher, mas que hoje, de forma muito acentuada, se observa em vários segmentos do cooperativismo. Daí se afirmar o que já dissemos anteriormente: o universo feminino já está inserido no contexto do cooperativismo, numa trajetória sem retorno, apenas avanço e crescimento.
Qual é o papel do Encontro estadual de mulheres cooperativistas?
Marina – O Encontro Estadual é uma conquista da mulher cooperativa. Trata-se de um grande exemplo de iniciativa das mulheres cooperativistas, com o fim maior de promover a integração e a troca de experiência entre mulheres de diversas regiões do Estado. Nesses encontros os principais destaques temáticos se concentraram na análise do papel das mulheres no movimento cooperativo, a sua visibilidade, seu compromisso e o despertar para uma busca constante de qualidade de vida.
Através dos Encontros procura-se propagar o entendimento, também aceito pela ACI, de que investir nas mulheres é, não somente, socialmente responsável e economicamente valioso, mas, também, uma necessidade para as organizações cooperativas que desejam aumentar suas habilidades criativas e inovadoras, recursos essenciais para competir no mercado global.
Texto e Foto: Marcos A. Bedin
MB Comunicação Assessoria de Imprensa
(49) 3323-4244, (49) 9967-4244
mb@mbcomunicacao.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu recado.