19 de maio de 2012

Economia verde é um escândalo

Para mudar a economia não basta dar-lhe uma cor. “A economia verde como uma oportunidade para novos negócios, sobrevivência e expansão dos mercados é um escândalo”, analisa o teólogo frei Rodrigo de Castro Amédée Péret, do Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia, que atua no Triângulo Mineiro.

A economia verde não quebra a lógica perversa de produção-consumo, “mas busca a inclusão dos pobres nesta lógica como meio de erradicar a pobreza”, sem erradicar a extrema riqueza e redistribuí-la, aponta. “Em tempos como o nosso, quando o mercado tem como objetivo esverdear a economia, é necessário propor a justiça ambiental como o caminho para um futuro em que a dignidade do homem e da natureza seja respeitada e promovida”, defende Péret.

A natureza, frisa, não é um ativo econômico, mas é gratuidade de Deus. “Nossa felicidade não pode ser baseada no consumismo, mesmo que seja verde. A razão da nossa vida não pode ser reduzida a ir às compras”, diz.  O frei franciscano defende a luta pela justiça ambiental para erradicar a pobreza e promover o bem comum da humanidade e da natureza.verde

Mais de um bilhão de pessoas passam fome no mundo, não porque falte comida, mas porque o mercado não permite que eles tenham acesso aos alimentos. Péret destaca que 20% da humanidade consomem cerca de 80% dos recursos e produzem cerca de 80% da poluição e da degradação ambiental que ameaça a vida no planeta.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) elaborou relatório, em 2011, denominado “Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza”. O relatório define uma economia verde como aquela que “resulta em melhora do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica”.

Como essa meta poderá ser atingida, segundo o relatório do Pnuma? “O caminho do desenvolvimento deve manter, aprimorar e, quando possível, reconstruir capital natural como um bem econômico crítico e como uma fonte de benefícios públicos, principalmente para a população carente cujo sustento e segurança dependem da natureza”. Ou seja, “a natureza continua a ser vista como bem econômico”, constata o franciscano.

Até existem metas estabelecidas com vistas à transição para uma economia verde e o que dela resultará. O Pnuma defende um investimento anual de 1,3 trilhão de dólares – algo em torno de 2% o Produto Interno Bruto mundial – em dez setores estratégicos: energia, agricultura, prédios, pesca, silvicultura, indústria, turismo transporte, água e resíduos.

Outro relatório, denominado “Visão 2050 – Uma Nova Agenda para os Negócios”, do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), vê que corporações têm pela frente grandes oportunidades na medida em que “os desafios globais de crescimento, urbanização, escassez e mudanças ambientais se tornarem indutores estratégicos das relações comerciais nas próximas décadas”.

O relatório do Pnuma estima que só em recursos naturais, saúde e educação, a magnitude desses negócios poderá chegar a 500 bilhões até 1,5 trilhão de dólares por ano já em 2020, ou de 3 trilhões a dez trilhões de dólares anuais em 2050.

Fonte: ALC

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