6 de fevereiro de 2009

Prejuízos no olfato precedem sintomas clássicos no mal de Parkinson

O professor Rui D.S. Prediger, do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina, desenvolveu estudos que confirmam uma hipótese importante para descoberta da doença antes do aparecimento de seus sintomas clássicos, os tremores musculares. A partir de modelos animais, a pesquisa demonstrou que prejuízos no olfato, e também cognitivos, precedem os problemas motores provocados pela doença.

Os resultados obtidos na UFSC foram apresentados em 2008 no International Symposium on Olfaction & Taste (ISOT). A pesquisa indica que no futuro testes olfatórios poderão ser utilizados para o diagnóstico precoce dessa enfermidade que ainda é considerada incurável - e quanto mais cedo é descoberta, mais chances há de amenizar o sofrimento que causa.

O Parkinson é causado pela destruição dos neurônios que produzem o neurotransmissor dopamina. Essa substância ajuda a transmitir mensagens relacionadas ao movimento dos músculos, garantindo precisão e equilíbrio nas ações. Um dos problemas para seu diagnóstico é que os tremores só aparecem quando a doença já está em fase bastante avançada.

Pesquisas foram realizadas a partir da observação de modelos animais em que ratos foram tratados com a neurotoxina MPTP via intranasal. Os estudos mostraram que essa toxina não fica restrita à área olfativa, mas migra para o cérebro e causa lesões em neurônios. O modelo animal permitiu também que o grupo observasse a sequëncia do avanço da doença.

A pesquisa mostrou que primeiro os animais perderam a capacidade de diferenciar odores. Depois, apareceram problemas para aprender e executar tarefas, numa visível perda cognitiva. Somente mais tarde apareceram os problemas motores.

De acordo com o professor, os estudos relacionando problemas de olfato à enfermidade vêm sendo realizados pois embora a causa primária da doença Parkinson permaneça desconhecida, estudos epidemiológicos têm indicado que a sua incidência pode estar associada à exposição a certas toxinas ambientais, como pesticidas e herbicidas. “Os resultados reforçam a hipótese de que o sistema olfatório pode representar uma porta de entrada para neurotoxinas envolvidas com a etiologia da doença de Parkinson", destaca o pesquisador.

Os estudos levam em conta que tão importante quanto o tratamento, é o diagnóstico precoce. Ao mesmo tempo, dissecando o funcionamento da doença, as pesquisas realizadas na UFSC são um caminho para buscar formas de bloquear o seu avanço.

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom/UFSC

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2 comentários:

  1. sabemos muito pouco.estamos se encaminhando aos dias em que teremos soluçoes e nao teorias...mas ainda sabemos pouco mesmo.poderiamos investir em pesquisas ao inves de armamentos. abraços andreleite

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  2. Boa notícia André. Meu avô apresentou os sitomas de Parkinson no final do ano passado e já começou um tratamento. Ler esses artigs é sempre bom para se informar. Parabéns. Abraços.

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