30 de maio de 2011

O fascínio da violência

Quero pensar com vocês sobre uma coisa que me intriga há tempos: todos condenamos a violência manifestada no nosso dia a dia, abominamos atos desta ordem, até campanhas pela paz estão sendo conduzidas, mas ao mesmo tempo a TV, o cinema, os games, os livros e jornais aumentam o seu IBOPE e as edições, quando exploram este tema. Se isso ocorre é porque toca fundo em alguma necessidade nossa, em algum desejo que jaz, na maioria das vezes, escondido dentro de nós, que faz parte das nossas fantasias. Os publicitários sabem, como ninguém, detectar e explorar os desejos, as carências dos sujeitos! Eles criam objetos ou imagens que se encaixam perfeitamente nos nossos “buracos negros”, saciando momentaneamente, nem que seja de uma forma ilusória, desejos inalcançáveis ou socialmente inaceitáveis.

Por essa via é possível indagar-se sobre quais desejos estão em jogo quando nos deixamos fascinar por cenas de violência. O psicanalista Alfredo Jerusalinsky, no artigo “Mocinhos ou bandidos? A lei não se sustenta quando prevalece o imaginário”, nos fala sobre o quanto nos colocamos em relação à lei respeitando-a ao mesmo tempo que, consciente ou inconscientemente, procurando sempre burlá-la. “Todos temos a esperança de gozar um pouco além do permitido, sem por isso perturbar ninguém. Ultrapassar a barreira da lei sem alterar a lei e continuar sendo honesto e bom. A esperança é constituirmos a exceção de poder gviolenciaozar um pouco mais do que os outros, sem Ter de pagar nada por isso.” Lembrem-se de quantos vezes, ao estacionarmos em locais proibidos, ao ultrapassarmos o sinal vermelho estamos sempre desejosos de termos a multa perdoada. Ou então, aquele sujeito que sabe da proibição de fumar em determinado lugar e mesmo assim transgride essa norma. Parece que estamos sempre querendo ser uma exceção e ocupar um lugar privilegiado que nos coloque numa posição mais segura quanto ao reconhecimento do Outro. Será que esta não é mais uma forma que inventamos de testar o quanto somos aceitos e reconhecidos, principalmente quando transgredimos?

O paradoxo que envolve a nossa relação com a lei é que nos submetemos à ela para podermos conviver socialmente, normatizando as relações sociais, ao mesmo tempo que a sentimos como uma privação de nossa liberdade. Portanto, a lei carrega em si o propósito de restringir e ordenar os nossos desejos. Os bandidos, os criminosos que assistimos horrorizados e extasiados realizam em atos os nossos desejos suprimidos, desafiam as autoridades que nos amedrontam através dos seus poderes. Por outro lado os passos do crime andam lado a lado com as pegadas da lei, mesmo desafiando-a, mas sempre, inconscientemente buscando-a, testando-a até as últimas conseqüências, para finalmente encontrá-la nem que seja submetendo o próprio corpo ao cárcere para, enfim, descansar, encontrar um limite que possibilite continuar vivendo nem que seja momentaneamente.

Por: Návia T. Pattussi , psicanalista, naviat@terra.com.br

Fonte: MARCOS A. BEDIN

MB Comunicação Empresarial/Organizacional

mb@mbcomunicacao.com.br

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Um comentário:

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