27 de novembro de 2009

Prazer e incerteza caminham juntos?

Vivemos então baseados em supostas certezas: de que chegaremos aos lugares que nos propomos, de que sabemos quem somos e conhecemos aqueles que vivem conosco. Queremos sempre ter certeza de que estamos no caminho certo ou que escolheremos a opção mais correta. Mas, pergunto-me, o que seria o “certo” para cada um? Arrisco-me a dizer que seja talvez tudo aquilo que não nos faça sofrer. Evitamos o sofrimento a qualquer custo mesmo sabendo que nunca poderemos nos furtar totalmente de nos confrontarmos com ele.

Buscamos constantemente as certezas imaginando que dessa forma não sofreremos. Certo, é possível tomar determinadas atitudes, ou não tomá-las, para não sofrermos, como por exemplo, evitar de falar em público pelo medo do ridículo ou nos trancarmos dentro de casa para não enfrentar o medo de nos lançarmos em novos projetos e inúmeras outras situações. Momentaneamente então, em alguns casos, é possível minimizar o sofrimento, mas pergunto-me: viver nas supostas certezas e evitando sofrimentos será que é sinônimo de prazer? Como explicar então o prazer e a angústia da incerteza quando um casal se conhece? Será que prazer e incerteza não caminham juntos? As certezas nos tranqüilizam mas também nos acomodam, nos deixam numa zona de conforto perigosa. Como seria viver tendo a certeza de tudo o que poderia nos acontecer no futuro, ou no próximo momento?

O quê iríamos desejar se já soubéssemos de antemão o que nos concerniria? Será que exercemos o desejo diante daquilo que temos e portanto, daquilo que temos certeza que é nosso? A psicanálise coloca que só é possível desejarmos o que não temos e portanto, aquilo que foge das nossas certezas. Talvez por isso o tempo de namoro ou todas as situações em que não sabemos de antemão o desfecho que nos esperam sejam mais excitantes.

Desejo X incertezas e sofrimento X prazer, parecem caminhar lado a lado por mais maluco que possa parecer, pois só desejamos o que nos falta e que, além disso, não estejamos certos de que o teremos. O prazer fugaz de alcançar o suposto objeto do nosso desejo se dissipa ao contornar o sutil limite do sofrimento. Pois prazer, para ser prazer têm que acabar, não pode ser eterno. Se o prazer fosse infinito seria sofrimento. É só imaginarmos como seria um orgasmo ou uma risada sem fim. Tudo isso é muito bom por que em algum momento acaba, nos faz sentir a falta e dá lugar para que possa ser desejado novamente.

É estranho pensar que talvez seja necessário termos sempre as incertezas e as possibilidades constantes de perdas nos espreitando, para que as nossas supostas certezas e seguranças não teimem em nos cegar e nos lançar no risco de irremediavelmente perdermos o que imaginávamos tão certo. Quem sabe assim consigamos aprender um pouco mais a cuidar do que nos é caro, como a nossa saúde, negócios e nossos amores, sem precisarmos nos despedir deles antes da hora.

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Por: Návia T. Pattussi/Psicanalista/naviat@terra.com.br

Fonte: MARCOS A. BEDIN

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Um comentário:

  1. Luiz,

    Excelente texto meu amigo!

    Se soubéssemos o que iria nos acontecer amanhã, por certo não teria a menor graça.

    O melhor de tudo, é quando podemos imaginar as reações, sentir emoções, mas sempre no tempo exato.

    Parabéns!

    Bjs.

    Rosana.

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