25 de fevereiro de 2012

Capitalismo verde é sinônimo de neocolonialismo

Povos indígenas instigados a fechar contratos de Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação (REDD) passam a ser tratados como “operários da indústria do carbono”, denuncia o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que se posiciona contra a “economia verde” e ao mercado de carbono.

“O ‘capitalismo verde’ é sinônimo de neocolonialismo. Em pleno século XXI, surgem novos ‘espelinhos’ – os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) e a REDD – lembrando as estratégias usadas pelos colonizadores no século XVI para conquistar e destruir os povos indígenas, apoderando-se de seus territórios”, assinala nota do organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O mecanismo de REDD não diminuirá a poluição. “As empresas poluidoras dos países ricos do norte pagarão para os países do sul e continuarão a poluir”, assinala o Cimi, alertando que povos indígenas estão sendo assediados por ONGs a serviço de empresas do Hemisfério norte para firmarem contratos cedendo suas terras e florestas para a captura de CO2.espelho

O Cimi lamenta que a terra, “lastro do capital natural”, está sendo comercializada em bolsa de valores, como um produto, da mesma forma como a “economia verde” encara o ar, a biodiversidade, a cultura, o carbono, que são, na verdade, patrimônio da humanidade.
“Mecanismos de compensação para captura de carbono colocam em risco a soberania nacional, através da expansão das transnacionais na consolidação do poder e controle sobre povos e governos, águas, territórios e sementes nos países do sul, além de modificar os modos de vida das comunidades locais, agora tratadas como fornecedoras de ‘serviços ambientais’", aponta o Cimi.

O organismo da Igreja Católica alerta que as comunidades indígenas, ao aceitarem contratos de REDD, obrigam-se a ceder suas florestas por 30 anos, não podendo mais utilizá-las, sob pena de serem criminalizadas. “É o ‘pagador’ quem vai definir o que o ‘recebedor’ pode ou não fazer; ficam subordinadas às grandes empresas transnacionais e governos internacionais”.

Na avaliação do Cimi, os contratos de carbono ferem a Constituição federal, que garante aos povos indígenas o usufruto exclusivo do seu território. “O povo perde a autonomia na gestão de seu território, em troca de ter os recursos naturais integrados ao mercado internacional”.

Para os povos indígenas a terra é mãe. Ao ingressarem na floresta, logo cedo pela manhã, os Guaranis rezam e pedem ao Nhanderú orientação a respeito do caminho a trilhar. O comércio de carbono “transforma a natureza em mercadoria, a gratuidade em obrigação, a mística em cláusula contratual, o bem estar em supostos ‘benefícios do capital’. É a mercantilização do sagrado e a coisificação das relações humanas em interface com o meio ambiente”, lastima o Cimi.

Fonte: ALC

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