"Os congressos scientíficos, históricos, artísticos e económicos a que ides assistir, do mesmo modo que a Exposição, em que procuramos resumir alguns aspectos da nossa cultura intelectual e da producção das nossas terras e fábricas, bastarão para convencer-vos de que alguma cousa temos feito e muito poderemos ainda realizar para o futuro, depois deste passo tão difficil do primeiro centenário de vida emancipada.Nas palavras do presidente da República o Brasil melhorou muito, em todos os setores, desde a proclamação da independência. Neste balanço ele também mostra números surpreendentes do nosso desenvolvimento e do crescimento da economia brasilera.
Em um século passamos de 3 a 30 milhões de habitantes; o valor da nossa balança commercial cresceu na proporção de 20.000 para 1 milhão e hoje se expressa em 4 milhões de contos; a extensão das nossas linhas férreas é de 30.000 km; excede de 50 milhões a tonelagem dos navios que sulcam as águas dos nossos portos; contamos perto de 60.000 km de linhas telephonicas, 1.5000 km de carris urbanos, talvez mais de 1 milhão de objectos de correspondência postal, cerca de 50.000 km de linhas telegraphicas; o valor dos nossos estabelecimentos ruraes excede de 10 milhões e 500 mil contos; na pecuária occupamos o terceiro ou quarto logar no mundo; para a renda geral de 4.000 contos em 1823, temos agora a receita de quasi 1 milhão de contos de réis, só para a União, sem incluir a dos estados; da instrucção temos cuidado com o possível desvelo: de 1907 a 1920, o augmento dos cursos elevou-se de 72% e o de alumnos de 85%, o que revela o esforço do paiz, nos últimos annos, pelo incremento da sua instrucção.
Contamos cerca de 2.400 jornaes e revistas, 650 associações scientíficas, literárias e artísticas, 1.400 estabelecimentos de assitência, muito milhares de sociedades de auxílio mútuo e caridade, e que a nossa última organização sanitária, talhada nos moldes mais adeantados, prepara a olhos vistos o fortalecimento da raça e augmento da sua capacidade productora.
Do Rio de Janeiro de 1822 fizemos, durante o império e principalmente na república, a cidade moderna que actualmente se honra de hospedar-vos, sem as epidemias dizimadoras, que eram com razão o terror do estrangeiro."
Discurso do presidente da República, Epitácio Pessoa em 8 de setembro de 1922.
Fonte: Enciclopédia Nosso Século, 1981.