O Parque Antarctica comportava uma multidão fora do comum. Gente que, pela quantia de 2 mil réis, assistia, aguardava e torcia pelo vencedor do Circuito de Itapecerica, a primeira corrida automobilística realizada no Brasil e na América do Sul. Era o dia 26 de julho de 1908 e repórteres nacionais e internacionais cobriam o acontecimento que era uma grande aventura.
O ano de 1908 fora muito importante para o automobilismo brasileiro. A começar pela incrível façanha do conde francês Ledain, que, num carro Brasier de 16 cv, realizara a pioneira travessia do Rio de Janeiro a São Paulo, percorrendo em 33 dias, mais de 700 km tortuosos. logo em seguida, foi a vez de um brasileiro, Antonio Prado Junior, dirigindo um motobloc de 30 cv, comandar uma caravana de bandeirantes sobre rodas de borracha, com destino a Santos, através do perigoso e abandonado Caminho do Mar. A proeza levou 36 horas.
Apesar da precariedade dos carros e da ausência de vias adequadas, o clima era de euforia entre os amantes do novo veículo. Ainda em 1908 havia sido criado o Automóvel Club de São Paulo, para estimular o automobilismo e possibilitar troca de informações entre os sócios. Foi esta entidade que promoveu o Circuito de Itapecerica. Para essa corrida, com itinerário de 70 km, não havia prêmios em dinheiro, apenas medalhas e objetos de arte.
Os carros concorrentes eram distribuídos em classes, conforme a força de seus motores e seus modelos. Classe A, motocicletas; B voiturettes, uma espécie de baratinha com até 20 cv; C de 20 a 30 cv; D de 30 a 45 cv; E acima de 45 cv. Um dos mais cotados para vencer era o já famoso Conde Lesdain, mas um acidente colocou o ás do volante fora da competição.
O grande vencedor foi o paulista Sylvio Penteado, com seu Fiat de 40 cv. Com a média de 50 km por hora, Sylvio completou o trajeto de 70 km em 1h, 30min e 5 segundos.
Fonte de Pesquisa; Nosso Século, Abril Cultural, 1980.
Bons tempos aqueles que não existia o absurdo e estressante trânsito de hoje em dia.... hehe
ResponderExcluirMuito legal esse artigo, Luiz!
Abraços
Legal essa história. Sei também que a cidade natal da minha mãe, Petrópolis, tinha muitas corridas de rua. É sempre bom relembramos os primórdios das corridas do nosso rico automobilismo. Abraços
ResponderExcluirNão poderia ter palco melhor!!
ResponderExcluirShow de bola a matéria!!!