“Não temos medo da crise, temos medo do governo”. A expressão é do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, ao palestrar sobre a competitividade da indústria barriga-verde em jantar-palestra organizado pela Universidade do Oeste de SC (Unoesc Chapecó), Associação Catarinense de Imprensa (ACI) e Vice-presidência regional oeste, na sede do Simovale, em Chapecó. Participaram empresários de todas as áreas da indústria, profissionais de imprensa, docentes e acadêmicos da Unoesc.
O dirigente manifestou preocupação com a queda das condições brasileiras de competitividade, aferida pelas agências internacionais. A falta de investimentos em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, hidrovias, armazéns etc, aumenta os custos de quem produz. Mencionou que as estradas ruins chegam a absorver 40% da receita do transportador.
O presidente frisou que os empresários fazem sua parte, mas o Estado não cumpre com seu papel. “Para melhorar a competitividade são necessárias as reformas fiscal, previdenciária, trabalhista, eleitoral e administrativa”, assinalou. Glauco Côrte manifestou-se preocupado com o fato de que todos os projetos em tramitação no Congresso Nacional sobre essas reformas estruturais tratam de aumentar os encargos do setor produtivo.
Outra preocupação é o crescimento da máquina pública: “O Estado brasileiro é grande, perdulário e ineficiente e não cabe no tamanho da economia brasileira”, enfatizou.
O consultor da Fiesc, engenheiro Ricardo Saporiti, apresentou análise situacional da rodovia BR-282, visando a redução dos índices de acidentes rodoviários. Essa rodovia tornou-se um gargalo logístico para o transporte de toda a produção agropecuária da região oeste, reconhecida como maior produtora de suínos do país, uma das maiores produtoras de aves, a maior exportadora de suínos e aves e o maior polo brasileiro de carnes industrializadas.
A construção foi desenvolvida entre 1960 e 1975, embora efetivamente concluída na região do Planalto Serrano somente em 2008. Agora, de acordo com esse estudo, são necessários R$ 320 milhões para desafogar e melhorar as condições de segurança da BR-282, que liga Florianópolis com a divisa Argentina, no extremo oeste. Nesse trecho ocorrem 6,5 acidentes por dia com uma morte a cada três dias no local do acidente, sem contar os óbitos no transporte e nos hospitais.
Transita pela BR-282 parte da economia que atende um quarto da população catarinense.Somente a cadeia industrial instalada na região Oeste, que abrange o transporte de carne e insumos, movimenta cerca de 1,1 mil carretas de 30 toneladas por dia na rodovia. O setor de alimentos tem 3,4 mil indústrias, 96,8 mil trabalhadores e foi responsável por 39% das exportações catarinenses em 2010.
O estudo da FIESC mostra que, como o transporte das agroindústrias e dos diversos fornecedores de empresas de outros setores é terceirizado, os pequenos e médios transportadores enfrentam os altos custos de manutenção dos veículos. Há situações em que até 40% do faturamento do caminhão é destinado para manutenção do veículo. Estatísticas da PRF (Polícia Rodoviária Federal)de janeiro de 2007 a julho de 2011 apontam a ocorrência de uma média de seis acidentes diários e uma morte a cada três dias no local da ocorrência.
O estudo sugere a implantação de terceiras-faixas, readequação de trevos de acesso, restauração de pavimentos, melhora da sinalização e o aumento do efetivo e de equipamentos da PRF.
O vice-presidente regional da Fiesc, Waldemar Antônio Schimitz, destacou a busca da competitividade para as empresas do oeste e a prioridade que a Fiesc está dispensado a questão logística. O representante da Unoesc Chapecó, Jeancarlo Zuanazzi, realçou a importância da busca permanente pela eficiência e a integração entre universidade e setor produtivo.
Fonte: MARCOS A. BEDIN
MB Comunicação Empresarial/Organizacional
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