A pergunta é motivada por uma realidade contraditória: o tradicional cafezinho, com ampla aceitação em todas as classes sociais, é de fato uma preferência nacional. É a segunda bebida mais consumida no Brasil, só perdendo para a água, segundo levantamento realizado pelo Instituto Ivani Rossi Consultoria em Pesquisa para a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). No entanto, apesar de sua popularidade, é uma vítima ainda de preconceitos. Desmentindo muitos dos mitos criados em torno da bebida mais apreciada pelos brasileiros, estudos modernos mostram que, consumido com moderação, o café é saudável sim para o ser humano.
É praticamente consenso pelas pesquisas já desenvolvidas que o café tem ação estimulante sobre o sistema nervoso e, em doses moderadas - três a quatro xícaras por dia - aumenta a atenção, a concentração e a memória de curto e médio prazo, sendo inclusive recomendado para estudantes de todas as idades. Estudos mostram também que o café pode atuar na prevenção do câncer de cólon e reto, doença de Parkinson e de Alzheimer, apatia e depressão, obesidade infantil, diabetes tipo II, cálculos biliares e câncer de fígado. Também aumenta o estado de vigília do cérebro e diminui a sonolência.
Da UFRJ, estudos realizados corroboram a ação do café para a saúde humana. Na dissertação de Mestrado defendida em 2010 por Taíssa Torres, sob a orientação da pesquisadora doutora em Ciências de Alimentos Adriana Farah, o café apresentou a maior capacidade antioxidante dentre diversos alimentos avaliados, seguido pelo chá-mate, vinho tinto e açaí. “Assim, levando em consideração o consumo, o café foi destacado como o mais importante contribuinte de antioxidantes na dieta do brasileiro, independente da classe de renda e da grande região do Brasil”, explica Adriana Farah. De acordo com a pesquisadora, essa capacidade antioxidante está relacionada principalmente aos compostos fenólicos do café, os ácidos clorogênicos.
Além destas propriedades, que também atuam na prevenção do câncer, os ácidos clorogênicos são capazes de modificar vias metabólicas de compostos cancerígenos, inativando-os. No coração, a bebida pode diminuir a incidência de doenças coronarianas e alguns tipos de infarto. Os ácidos clorogênicos se ligam a moléculas de gordura impedindo que se formem placas nas paredes das células. Vários outros efeitos foram atribuídos aos compostos fenólicos do café, entre eles os efeitos hipoglicemiante (atua na prevenção e como coadjuvante no tratamento do diabetes), digestivo e hepatoprotetor (inclusive na prevenção da cirrose e câncer de fígado). Alguns potenciais efeitos destes compostos que estão também sendo estudados são: imunoestimulante, antiviral, antiobesidade, hipotensivo, antibacteriano, inclusive em relação às bactérias causadoras da cárie.
O café consumido moderadamente não causa doenças em pessoas normais e saudáveis, da infância a velhice. Mas pessoas que possuem doenças como gastrite, doença do refluxo gastroesofágico, úlcera, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, palpitações devido arritmias cardíacas, hipertensão arterial, insônia ou doença isquêmica do coração devem ter cuidado no consumo de café, pois ele podem agravar os sintomas ou a doença, principalmente se consumido em excesso.
Veja mais informações nos sites www.cafeesaude.com.br , www.coffeeishealth.org e www.abic.com.br .
Fonte: Embrapa
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