6 de março de 2010

Grãos em crise

O ano de 2010 será caracterizado por um período de recuperação para o setor de carnes e de perdas para o setor de grãos. Essa é a visão da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) que está solicitando medidas corretivas emergenciais ao governo federal.

São necessárias ações de política agrícola para sustentação de preço, enfatiza o vice-presidente Enori Barbieri. O Brasil terá uma excelente produção de grãos e o mundo também.

O segmento da soja será o mais prejudicado. A produção mundial normal de soja é de 230 milhões de toneladas/ano. Em 2009 foram produzidas 220 milhões de toneladas e a previsão para 2010 é de 265 milhões. “Sobram 45 milhões de toneladas de soja”, prevê Barbieri. SC planta cerca de 330 mil hectares e colhe 1 milhão de toneladas.graos2

O preço estava em R$ 40,00 até dezembro, caiu para R$ 33,00 a saca, e vai descer ainda mais. O prejuízo somente não será muito grande porque a produtividade cresceu (chegou a 60 sacas/hectares ou 3.600 kg/há) e compensará a queda de preço.

No caso do milho, a situação é semelhante. Em 2009, Santa Catarina plantou 850 mil hectares e colheu 3,3 milhões de toneladas. Para a safra de 2010 foram cultivados 625 mil hectares para uma colheita estimada em mais de 3,5 milhões de toneladas.

O consumo catarinense é de 5,5 milhões de toneladas. Em dezembro havia um estoque de passagem acima de 10 milhões de toneladas, enquanto a safra 2009/2010 renderá mais de 50 milhões. “É obvio que sobrará milho porque o consumo nacional previsto para este ano é de 45 milhões de toneladas. Haverá excedente de 15 milhões de toneladas de milho”, calcula Barbieri.

A solução é a exportação, mas aí tem outro complicador: a Argentina resolveu ingressar no mercado mundial de milho, vai colher 15 milhões, consumir 5 milhões e exportar 10 milhões. “Inevitavelmente vai tirar mercado do Brasil que, no máximo, conseguirá colocar 6 a 7 milhões de toneladas no mercado mundial”, vaticina.

Os preços estão em queda. O mercado paga R$ 15,00 a saca enquanto o preço mínimo é de R$ 17,00. A boa produtividade das lavouras tecnificadas (150 sacas ou 9.000 kg/hectare) amenizará a queda de preço.

O feijão é outra cultura prejudicada pela queda de preço. O Brasil consome 3,3 milhões de toneladas/ano, tem estoque de passagem de 300 mil toneladas e a safra de 2010 renderá 4 milhões de toneladas. O preço mínimo oficial é de R$ 80,00 a saca, mas o mercado, recessivo, pratica apenas R$ 45,00/saca.

Além desses problemas, os armazéns do centro-sul estão tomados por trigo colhido no final de 2009 (5 milhões de toneladas) e ainda não comercializado em face dos preços deprimidos. Não haverá armazéns para a nova safra de verão. O mínimo é de R$ 32,00 a saca, mas o mercado paga apenas R$ 24,00.

A Faesc cobrou da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura maior agilidade na liberação de recursos para sustentação de preços da safra agrícola, pois, em algumas culturas, nem o preço mínimo é praticado.

O governo disponibilizou R$ 107 bilhões de reais para o plano agrícola 2009/2010. Os produtores e empresários rurais tomaram apenas R$ 68 bilhões. Apesar dos recursos disponíveis, o Banco do Brasil não dispõe de orçamento para operar com EGF e AGF na aquisição de estoques de feijão e milho.

Fonte: MARCOS A. BEDIN

MB Comunicação Empresarial/Organizacional

mb@mbcomunicacao.com.br

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