27 de novembro de 2009

Banco Feiticeiro, do Bem, Palmas. Pode parecer estranho, mas eles existem

Banco Feiticeiro, do Bem, Palmas. Pouca gente sabe, mas estes bancos vêm fazendo a diferença em várias regiões do País. São ao todo 44 bancos comunitários em sete Estados brasileiros, segundo o Ministério do Emprego e Trabalho. A maioria concentra-se na Região Nordeste, mas a experiência tem atraído várias comunidades, como o bairro Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, que já está levantando informações sobre a utilização da moeda social.

A primeira experiência brasileira aconteceu há 11 anos no bairro de Palmeiras, na periferia de Fortaleza, com a criação de uma moeda local, a palma. Joaquim Melo, criador do Banco Palmas, diz que vem conversando com o Banco doBancoPalmas Brasil e a Casa da Moeda para que façam a emissão das palmas.


O sucesso foi tão grande que a experiência espalhou-se, como é o caso do Banco Verde Vida, em Vila Velha (ES), que instituiu a moeda Verde, cujo valor de troca são resíduos recicláveis. Marcada por um alto índice de analfabetismo, a região compreende 29 comunidades com cerca de 89 mil habitantes. A renda das famílias não ultrapassa três salários mínimos e o déficit habitacional, registrado em 2003, chega a 12.074 moradias.


Segundo o coordenador do banco, o pedreiro João Ribeiro, para cada quilo de material reciclável, a pessoa recebe o equivalente em moeda verde, que só é aceita nos estabelecimentos credenciados dentro da região. “Temos um pequeno supermercado solidário com produtos da cesta básica e algumas pequenas empresas que recebem a moeda.


O banco tem regras rígidas. O comércio é proibido de vender bebidas alcoólicas ou cigarros com a moeda verde. Além disso, todas as moedas possuem número de série e um selo do Banco Verde. “Isso é para a segurança. As pessoas não falsificam porque moram na própria comunidade e respeitam o trabalho”.


O objetivo do banco é promover a conscientização ambiental e melhorar as condições da região, vítima de freqüentes enchentes por conta do lixo acumulado nas ruas. “É uma comunidade pobre que precisa ser conscientizada”, diz o coordenador. O trabalho ainda é de formiguinha, já que menos de 1% da população participa da proposta. “Mas temos depoimentos de pessoas que praticamente vivem da entrega de resíduos”.


As parcerias vêm aumentando e com elas a responsabilidade do banco. Todo o material reciclado é vendido a uma empresa da própria Vila Velha. Com o dinheiro, em reais, o banco compra os alimentos para o supermercado solidário e gerencia o projeto. Além disso, grandes empresas, como a Arcelor, são parceiras e promovem doações em massa para o banco.


“Temos também o envolvimento da Universidade de Vila Velha, que este ano fez o trote da cidadania, com a doação de alimentos ao supermercado”, afirma Ribeiro. O banco conta também com 70 acionistas que doam mensalmente um quilo de alimentos. Cerca de duas toneladas de resíduos são recolhidas por mês na região, o que movimenta algo em torno de R$ 800,00.


O resultado tem sido animador, segundo o pedreiro Ribeiro. Nas últimas chuvas que atingiram a comunidade o número de casas alagadas e o mau cheiro diminuiu. Ele defende leis que ajudem a desenvolver os bancos comunitários no País.

Em entrevista à Agência de Notícias Lusa, o coordenador-geral do projeto de bancos comunitários do Ministério do Trabalho e Emprego, Haroldo Mendonça, disse que os bancos comunitários movimentaram nos últimos dois anos cerca de R$ 1,2 milhão e que o índice de inadimplência não ultrapassa 2%, quatro vezes menor do que a taxa do mercado financeiro convencional.


Os bancos comunitários não visam ao lucro e funcionam como um muro para o dinheiro não sair da comunidade. Por detrás desta iniciativa, há a intenção de realizar o desenvolvimento local e recuperar a economia de comunidades empobrecidas. “É muito mais que a experiência de Bangladesh de microcréditos”, disse Mendonça.

Cada banco comunitário conta na sua criação com a parceria do Banco do Brasil, que empresta 30 mil reais a juros muito baixos. Recebe também o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que capacita lideranças locais e realiza encontros com empreendedores das comunidades.

Fonte: www.agenciasebrae.com.br

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