Isso é para poucos! Mas é possível ser um dos motivos para entrever felicidade.
Por: Návia T. Pattussi/Psicanalista/naviat@terra.com.br
Em tempos de “estragos” éticos e morais pensar em falar sobre GRATIDÃO parece quase uma heresia, um produto em extinção e quiçá uma variante bizarra do que seja justiça, conceito por demais confuso para nós, pelo menos no momento em que estamos vivendo.
Ser grato por algo ou ser alvo de sentimentos de gratidão por parte de alguém possivelmente não seja uma situação muito comum, tendo em vista a tendência de ensimesmamento e individualismo exacerbado que vivemos. Então, falemos de gratidão antes que daqui um tempo esse valor não exista mais, pois por certo ainda é possível experienciarmos isso.
Comecemos então pelo que diz o dicionário Aurélio sobre o que seja a palavragratidão: “1. Qualidade de quem é grato. 2. Reconhecimento por um benefício recebido; agradecimento, reconhecimento.” Analisemos!
Reconhecer algo recebido significa ter condições de perceber que o que recebemos não faz parte de nós e, portanto, que somos separados do objeto que recebemos. Quando nascemos e até um bom tempo, não conseguimos discernir que o seio no qual mamamos, por exemplo, não faz parte do nosso corpo e nossa primeira visão de mundo é de que nós somos o mundo. A princípio, não há diferenciação entre a criança e as outras pessoas. Um exemplo disso é quando nas escolas, crianças até geralmente 3 anos, choram se vêem outra chorar, gritam se outra grita; há uma imitação de comportamentos.
Quando adultos ingressamos num mundo que nos exige independência financeira, a constituição de uma nova família, o ingresso nas relações sociais e mesmo assim podemos continuar achando que o mundo gira em torno do nosso próprio umbigo, como se fossemos o Sol que ilumina tudo e tudo girasse em torno dele. A esse tipo de pessoa chamamos de narcisista, uma condição extremamente infantil de não diferenciação entre si mesmo e os outros. É um “saco” conviver com pessoas que funcionam desse jeito! É o tal do sujeito que só quer receber e não se considera implicado numa relação de reciprocidade. Ainda é capaz de se ofender por que não é tão bem tratado como imagina que deva ser. Portanto, tudo o que ele recebe é tomado como algo que por direito sempre deve ter sido seu. Nesses casos então, não há a possibilidade de manifestar-se o mínimo sentimento de gratidão.
Realmente esse é um sentimento para poucos. Conseguir ser grato é uma dádiva talvez maior do que ser alvo de gratidão por parte de alguém, pois implica numa relação de desprendimento, de humildade, de, ao agradecer, reconhecer que não é completo, que lhe falta sempre algo e que quando alguém lhe proporciona o mínimo agrado ou dom é mister agradecer pelo que lhe foi dado.
Isso é para poucos! Mas é possível ser um dos motivos para entrever felicidade. Há que se descobrir que os seus laivos estão para muito além de um consumo exorbitante de objetos, ou de uma imagem enfeitada ou de uma ostentação de bens. Há vida, e que vida... para além do mundo das imagens e das coisas!
Fonte: Marcos A. Bedin
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