Segundo dados oficiais publicados pelo Ministério da Previdência, no ano de 2010, depressão foi o quarto motivo de afastamento do trabalho, sendo que o primeiro, dor nas costas, o segundo, dor nos joelhos e o terceiro, hérnia inguinal (problema de coluna). Esses dados são referentes a licenças de saúde com duração superior a quinze dias.
Se considerarmos os três primeiros motivos como dores, teremos a depressão como o segundo motivo de afastamento do trabalho. Aventando a hipótese de que essas dores sejam crônicas, isto é, dores que se mantém alem de três meses, estudos apontam que geralmente estão relacionadas a implicações emocionais, comumente de ordem depressiva. Concluindo esse raciocínio, é plausível considerar que os quadros depressivos estejam no topo da lista dos motivos de afastamento do trabalho.
Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que a depressão é a primeira causa de incapacidade entre todos os problemas de saúde, no mundo. A demonstração de incapacidade é um dos sintomas mais evidentes nesses quadros, juntamente com a falta de ânimo, carência de sentido na vida, embotamento do potencial intelectual, afetivo, social e sexual. Enfim, sobressai-se uma crueldade em relação a si mesmo de proporções alarmantes, como diz Hassoun na obra “A crueldade melancólica”. O depressivo não precisa de inimigos, pois ele é o maior inimigo de si mesmo.
A frequência desse quadro cínico beira à epidemia. Pesquisadores da área da psicanálise e da história, como a francesa Elizabeth Roudinesco em seu livro “Por que a psicanálise” sugerem que vivemos numa “sociedade depressiva”, onde o sofrimento emergencial da sociedade ocidental se manifesta sob a forma da depressão. Curiosamente o termo “depressão” foi cunhado pela psicopatologia a partir da Economia, que designa uma medida de alta ou baixa no mercado financeiro, tendo como referência que a alta deve prevalecer.
Construiu-se um ideário absurdo de que pega mal entristecer-se, estar “em baixa”. O mínimo sinal já é tomado como alarmante colocando nesse “saco” diagnóstico de depressão, muitas vezes casos de uma tristeza necessária a quem está passando por situações de perda.
Vocês sabem que a experiência do sofrimento é constituinte do ser humano, não há como não sofrer, simplesmente por que não temos como satisfazer plenamente os nossos desejos. O conflito é resultante do descompasso entre os nossos desejos e o que é valorizado ou não, permitido ou proibido pelas normas sociais e valores de uma determinada sociedade num momento histórico localizado.
Uma das alternativas do aparelho psíquico para fazer frente a essa lógica é deprimir-se, anestesiar-se quanto aos próprios desejos, morrer em vida, sepultando anseios e planos. Saída absurda, podemos pensar! Por que alguns se instalam nessa crueldade absoluta em relação a si mesmo e outros não, é assunto para continuarmos conversando. Até! Návia T. Pattussi/Psicanalista/naviapattussi@gmail.com
Fonte: MARCOS A. BEDIN
MB Comunicação Empresarial/Organizacional
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