Niemeyer morreu no Rio de Janeiro na noite desta quarta-feira (5), vítima de uma infecção respiratória. Ele estava internado desde 2 de novembro no Hospital Samaritano. Reconhecido internacionalmente por suas obras, Niemeyer completaria 105 anos em 15 de dezembro.
Após velório em Brasília (DF), corpo será velado no Palácio da Cidade, sede da prefeitura do Rio de Janeiro. A ocasião será aberta ao público nesta sexta-feira (7).
Sua morte repercutiu em jornais de todo o mundo. Para o diário norte-americano New York Times, o brasileiro revolucionou a arquitetura ao fundir o modernismo com a sensualidade, quebrando com o padrão arquitetônico colonial e barroco de até então.
Foi autor de mais de 400 projetos em seu próprio País e no exterior. A linha reta, inflexível, nunca seduziu completamente Niemeyer, o carioca que preferiu desafiar a matéria bruta, dando-lhe formas livres, leves, sensuais. Seus projetos são prova palpável de uma acertada comunhão entre técnica e arte, maiores responsáveis pela consagração mundial da arquitetura brasileira.
"De um traço nasce a arquitetura. E quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte." Assim, o próprio Niemeyer define o que lhe parece ser o alicerce principal da arquitetura: a surpresa. Essa tem sido sua busca permanente.
Em 1934, formou-se pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. No escritório de Lúcio Costa, grande arquiteto e autor do plano-piloto de Brasília, iniciou sua profissão trabalhando como estagiário. Por lá, identificou-se com as idéias modernistas que modificaria com sua visão criativa e inovadora.
De 1937 a 1943, integrou a jovem equipe que, ao lado de Lúcio Costa e sob consultoria de Le Corbusier, lançou-se na corajosa aventura de projetar e construir a sede do Ministério da Educação e Saúde, hoje Palácio Gustavo Capanema, marco fundamental da arquitetura moderna no país. No início dos anos 40, afirmava ao país o seu gênio criativo: o Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte, moldando com curvas em concreto armado o novo bairro da capital mineira.
Em 1947, participou da comissão internacional responsável pelo projeto da sede da ONU em Nova York: o seu desenho foi a base do projeto definitivo.
Anos mais tarde, em Brasília, espelho do sonho de progresso, Niemeyer venceu o desafio de materializar traços que pareciam improváveis sobre a prancheta. São seus os desenhos do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional, da Catedral de Brasília, entre outros.
Na década de 60, o golpe militar obrigou o arquiteto, comunista histórico, a se exilar na Europa. Ampliou então, sua atuação no exterior e projetou, entre outros importantes edifícios, a sede do Partido Comunista Francês (1971), em Paris. No Brasil, o Conjunto do Ibirapuera, em São Paulo, e o Grande Hotel de Ouro Preto, Minas Gerais, são marcos de sua obra eloquente.
De volta ao país, nos anos 80, Niemeyer projetou o Sambódromo e os Centros Integrados de Educação Pública (CIEP) e, na década seguinte, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, sem nunca parar de trabalhar. No escritório de Copacabana, as palavras rabiscadas na parede revelam sua crença na revolução. E não apenas naquela que operou de forma definitiva na arquitetura: "Quando a vida se degrada e a esperança foge do coração dos homens, a revolução é o caminho a seguir".
Um de seus últimos projetos concretizados foi a Torre de TV Digital, em Brasília, inaugurada em 21 de abril deste ano, quando a cidade completou 52 anos.
A presidenta Dilma Rousseff disse em nota, que “o Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida”.
“Carioca, Niemeyer foi, com Lúcio Costa, o autor intelectual de Brasília, a capital que mudou o eixo do Brasil para o interior. Nacionalista, tornou-se o mais cosmopolita dos brasileiros, com projetos presentes por todo o país, nos Estados Unidos, França, Alemanha, Argélia, Itália e Israel, entre outros países. Autodeclarado pessimista, era um símbolo da esperança”, diz a nota assinada pela presidenta da República.
Fonte: Portal Brasil
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